Aurimar Lima/Secom
Publicada em 19/08/2021 às 12h15
Os 27 anos de parceria entre o governo de Rondônia, por meio da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), e a Organização Não Governamental (ONG) NHR Brasil, de origem holandesa, resultou em centenas de ações de enfrentamento a hanseníase, como diagnóstico precoce, prevenção de sequelas e incapacidades, reabilitação, redução de estigma e inclusão de pessoas e famílias acometidas pela doença.
Nesta semana, durante reunião virtual entre as equipes das duas entidades, a Agevisa reforçou a importância de fortalecer institucionalmente a sociedade civil organizada, fomentar politicas públicas e apoiar a realização de projetos que contribuem para o enfrentamento e controle da hanseníase no estado de Rondônia.
O diretor-geral da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima, destacou que o trabalho conjunto tem fortalecido os grupos de autocuidado geridos pela Agência e contribuiu com a melhoria da qualidade de vida das pessoas atingidas pela doença. “Somos uma engrenagem da saúde pública e queremos continuar vigilantes, pois a hanseníase é uma doença que ainda passa por muito tabu e nossa gerência de epidemiologia tem gerido ações e projetos que destacam uma boa gestão no assunto”.
Estiveram presentes na reunião os representantes da NHR Brasil: diretor-geral Alexandre Menezes e a consultora Hellen Xavier; pela Agevisa, participaram: os técnicos Edkley Pereira, Albanete Mendonça, Edna Botelho, a gerente da Gerência de Vigilância Epidemiológica, Arlete Baldez, e o diretor-geral, Gilvander Gregório de Lima, e ainda a instrutora do projeto Art’s BioHans, Cristiane Oliveira.
Entre as ações destacadas sobre o trabalho realizado em Rondônia está o projeto de reabilitação socioeconômica de gastronomia e bioartesanato, com foco na geração de renda para pessoas acometidas pela hanseníase, e destaque para o “Art’s BioHans”, que no ano de 2020 foi selecionado entre as dez soluções mais inovadoras no Brasil.
O trabalho tem aplicação prática de um ou mais objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) e foi selecionado a partir de chamada pública com cerca de 100 projetos submetidos entre maio e junho de 2020. Também ganhou visibilidade ao ser exposto em eventos como Expovalle, Rondônia Rural Show, Rondônia Day, feiras no Nordeste e Sudeste do Brasil e ainda reuniões do Sebrae, cooperativas de crédito, hotéis e escolas.
As artesãs que produzem a biojoias ainda atendem a pedidos que vem de países europeu, como França e Portugal, assim como outros estados, como Recife. Em breve, um portfólio digital para divulgação das peças será elaborado.
O projeto Art’s BioHans tem ajudado dezenas de pessoas acometidas pela hanseníase a serem inseridas no segmento do empreendedorismo, além de ser uma terapia que contribui fortemente para a melhora da autoestima, inclusão social e reabilitação socioeconômica de pessoas acometidas pela doença.
NHR BRASIL
A ONG tem origem na Holanda, a partir de uma visita a pacientes com hanseníase em um hospital na Tanzânia na década de 1960, a sigla original é NLR.
Em 1.994 começou a apoiar projetos de combate à hanseníase no Brasil e o trabalho foi desenvolvido em parceria com o setor público. Em 2011, este apoio foi oficializado com a criação da NHR Brasil, e atualmente, os projetos em execução e em fase de desenvolvimento estão nos estados do Ceará, Rondônia, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte e Piauí.
A reunião com a equipe da Agevisa ajuda a expandir o atendimento com programas de controle da hanseníase, capacitação de profissionais de saúde e produção de materiais educativos. A organização tem como estratégia para o enfrentamento a hanseníase atingir as metas: zero transmissão, zero incapacidade, zero exclusão e redução do estigma. “Os veículos de comunicação também são estratégias para dar visibilidade ao segmento e romper o preconceito, inclusive com o registro de história de esperanças”, disse Alexandre Menezes.
O diretor-geral da destacou histórias que vivenciou de preconceito na infância e de superação, pessoas que se trataram e retornaram a uma vida normal. Disse ainda que “a inclusão socioeconômica promovida pelo projeto torna a pessoa produtiva, mexe com o intelecto e com a autoestima”.
Ao assistir o relatório de atividades da Coordenação do Programa de Controle da Hanseníase (CPCH) da Agevisa e o documentário com relatos de experiências exitosas do projeto, Gilvander disse que “a imagem nos fez acreditar que não devemos parar e assim vencer as barreiras e superar o preconceito, acolher e ajudar a dar visibilidade a esse trabalho”.
Os programas realizados pelo parceiro são pensados a partir de políticas globais. A consultora da NHR Brasil, Hellen Xavier, ressaltou que “saúde é mais que ausência de doença e, por isso, é importante estimular o empoderamento das pessoas”
AGEVISA
A coordenadora dos grupos de autocuidado do Estado, Edna Botelho, disse que a parceria com a NHR Brasil não ficou estagnada. Foram realizadas rodas virtuais de conversas, reuniões direcionadas aos profissionais que fazem parte dos grupos de autocuidados, inclusive com intervenção de uma psicóloga e ainda duas oficinas de biojoias, uma de montagem para principiantes e outra para aperfeiçoamento dos pioneiros.
Um fato detectado pela equipe da Agevisa é que, em tempos de pandemia, a venda de produtos frutos do aprendizado nas oficinas ajudou e transformou vidas. Para os que estavam em situação de vulnerabilidade, a equipe direcionou os recursos dos cursos, que foram paralisados, para atender as famílias, com cestas básicas de alimentação, produtos de limpeza e de autocuidado. A ONG, em parceria com a Agevisa, fez a consulta por meio de questionário para definir o perfil a ser atendido com o benefício.
Apesar do isolamento, os caminhos continuaram abertos. Um exemplo foi a jovem Carla Catiuce Lima Assunção que, mesmo sentido dores para trabalhar, manteve sua produção e elevou sua autoestima, inclusive expondo sua arte em biojóias em rede digital: https://www.instagram.com/catiuce_assuncao_/
PERPECTIVAS
Durante a reunião, o diretor-geral da Agevisa apresentou novos planos para o segmento, como a futura implantação de uma fábrica de cocada tipo exportação, que esta sendo estudada pela coordenação estadual do Programa de Hanseníase.
A coordenadora Albenete Mendonça destacou que o foco do desenvolvimento inclusivo inclui o enfrentamento ao estigma, o autocuidado e a prevenção de incapacidades. Essas ações também ajudam para a reabilitação socioeconômica das pessoas atingidas pela doença.
“Rondônia é referência em reabilitação cirúrgica, com a equipe do Hospital Santa Marcelina. Também estamos neste caminho com o desenvolvimento do projeto de geração de renda na área de gastronomia para integrantes de grupos de autocuidado, com destaque para receitas regionais, e com o projeto de geração de renda na área do artesanato bio-sustentável”.
A gerente de epidemiologia da Agevisa, Médica Arete Baldez, assegura que um dos desafios desta parceria é chegar aos locais de difícil acesso e levar a saúde pública, além do comum, descentralizando e revelando o que esta oculto em relação ao atendimento. “Hoje, a hanseníase está ligada ao Núcleo de Hepatite Virais da Agevisa e, seguindo a mesma linha, apoiamos e acompanhamos o trabalho que nos leva as áreas mais remotas, onde o médico deve chegar. Assim abrem-se novas perspectivas e fortalece as referências. Acredito que o diagnóstico precoce é a principal medida para curar o paciente”.
O diretor-geral Gilvander Gregório disse ainda que “todo apoio possível para realizar os projetos será dado. A perspectiva de trabalhar com os parceiros, fortalece a capacidade de responder a rede de atendimento que é muito restrita ao especialista. Precisamos socializar o conhecimento e chegar ao atendimento básico de saúde”
A Agevisa ainda destacou que está planejando um evento que vai reunir os projetos e parceiros da ação, com um desfile de peças da BioHans e estandes com exposição de culinária, promoção e prevenção da saúde e demais ações afins ao segmento.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2021/08/em-reuniao-virtual-agevisa-e-nhr-brasil-destacam-acoes-para-fortalecer-enfrentamento-da-hanseniase-em-rondonia,111070.shtml