Rondoniadinamica
Publicada em 15/09/2021 às 11h37
Porto Velho, RO – Ao colocar Cristiane Lopes para atuar como subproduto do primeiro escalão em sua gestão, Marcos Rocha, atual governador, mata dois coelhos com uma só cajadada.
Com isso, o mandatário do Palácio do Rio Madeira tira do páreo potencial candidata com envergadura política para lhe tirar muitos votos – como protagonista ou aliada de seus adversários –, e, ainda, pode atrair para si parte de sua popularidade na disputa do ano que vem.
No fundo, sabe-se que secretário adjunto não manda em nada e geralmente fica escanteado no fundo de determinada pasta sem função específica, desobrigado, inclusive, de prestar contas publicamente à sociedade, a despeito de ter de responder judicialmente junto com o titular por eventuais desmandos e/ou malversação do erário.
A jornalista, no entanto, conserva a vitrine como apresentadora de televisão: seu público, portanto, a vê diariamente fazendo com que sua imagem não se desintegre completamente entre uma incursão eletiva e outra.
Sombra de Suamy Vivecananda Lacerda Abreu na Secretaria de Estado da Educação (Seduc/RO), por outro lado, Cristiane Lopes fará mais o papel de boneco de posto, posando para fotos e erguendo os braços “estou aqui” a fim de sinalizar alguma importância no seio diretivo.
Até lá, receberá os dividendos aos quais faz jus e, quando chegar a hora certa, aí sim, desempenhará a incumbência importantíssima pela qual foi designada de fato.
Deficiência na capital
Quando as urnas foram fechadas no primeiro turno de 2018 e o resultado por cidades anunciado, Marcos Rocha terminou bem posicionado em Porto Velho, mas ainda assim em segundo lugar, atrás de Vinícius Miguel.
A diferença entre os dois foi de 22 mil votos.
Rocha, pelos fatores ineditismo/bolsonarismo, quando era pedrada e não vidraça, foi para a outra etapa do pleito disputando com o ex-senador Expedito Júnior. Fez mais de 530 mil votos, 260 mil a mais que o tucano.
Agora, como alvo dos demais pleiteantes, além de conservar parcela daquele eleitorado a ideia é ir atrás de reforço na capital.
Trazer Cristiane Lopes para junto de sua equipe é um passo nevrálgico neste sentido, lembrando que a profissional de imprensa tem discursos semelhantes aos seus, de viés conservador, entoando reiteradamente valores cristãos, e, também, apresentando performances no mínimo interessantes em suas aventuras políticas.
Como candidata em 2020 à Prefeitura de Porto Velho, desbancou 13 postulantes na primeira etapa do pleito; no segundo turno da peleja com Hildon Chaves, do PSDB, foi batida por algo em torno de 18 mil votos entre os mais de duzentos mil válidos.
Em suma, com esse currículo, o chefe do Executivo estadual acerta na movimentação jogando pá de cal e apagando temporariamente o brilho pessoal de Cristiane Lopes, isto para que não cresça mais do que já vem crescendo, mas, ao mesmo tempo, lhe emprestando as credenciais garbosas daquilo que significa ser uma espécie de Lado-B no primeiro escalão de governo, mantendo-a satisfeita.
Em contrapartida, na Hora H, mais ou menos em outubro de 2022, por aí, a missão da recruta será servir como espécie de tapa-buracos para o déficit popular observado com a conclusão do primeiro turno há três anos especificamente na cidade das Três Caixas d’Água.
Foi o melhor movimento no tabuleiro por ora.
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