France Presse
Publicada em 30/09/2021 às 15h25
Combatentes do Talibã interromperam com tiros para o alto uma manifestação de seis afegãs que reivindicavam o direito à educação nesta quinta-feira (30) em Cabul, capital do Afeganistão.
Na terça-feira (28), o reitor nomeado pelo grupo extremista para a Universidade de Cabul, Mohammad Ashraf Ghairat, proibiu mulheres na instituição (tanto professoras quanto alunas).
Três mulheres jovens, de véu e máscara, exibiam uma faixa com a frase "Não politizem a educação!", em inglês e em dari, diante de uma escola de ensino médio para meninas na zona leste da cidade.
"Não quebrem nossas canetas, não queimem nossos livros, não fechem nossas escolas", completava a faixa, ao lado de uma foto de meninas com véu durante uma aula.
Quando outras três manifestantes se uniram às primeiras, uma delas com o cartaz "A educação é a identidade humana", vários talibãs armados chegaram ao local.
A manifestação foi convocada pela internet por um grupo chamado "Movimento Espontâneo de Mulheres Ativistas no Afeganistão".
Tiros para o alto e cabeçada em cinegrafista
Os combatentes obrigaram as manifestantes a recuar para a porta de entrada do centro de ensino. Um deles derrubou o cartaz, enquanto outros avançavam contra jornalistas estrangeiros para tentar impedir que registrassem imagens do protesto.
Um talibã disparou uma rajada curta de tiros para o alto com sua metralhadora, e as manifestantes se refugiaram dentro da escola.
Os extremistas perseguiram os cinegrafistas e fotógrafos, tentando retirar suas câmeras, e um deles deu uma cabeçada em um cinegrafista estrangeiro.
'Manifestação não autorizada'
O grupo respondia às ordens de um jovem desarmado que estava com um walkie-talkie. Ele se apresentou como Mawlawi Nasratullah, comandante das forças especiais talibãs para Cabul e sua região.
Ele pediu a seus homens que reunissem os jornalistas, todos da imprensa internacional, e afirmou que "respeita os jornalistas, mas esta manifestação não foi autorizada".
"Se tivessem pedido autorização para a manifestação, elas teriam recebido", afirmou Nasratullah. "As autoridades do Emirado do Afeganistão não haviam sido informadas, por isso não há nenhum jornalista afegão aqui".
Ele também disse que "respeita os direitos das mulheres". "Vocês tentaram cobrir uma manifestação ilegal. Recordo a vocês que nos países modernos, França ou Estados Unidos, a polícia agride os manifestantes".
Repressão a protestos
No início de setembro, talibãs armados dispersaram manifestações em várias cidades, como Cabul, Faizabad e Herat (onde duas pessoas foram mortas).
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