RFI
Publicada em 02/10/2021 às 08h28
O presidente filipino, Rodrigo Duterte, anunciou neste sábado (2) que deixará vida política e não será candidato às próximas eleições presidenciais no país, em maio de 2022. Como a Constituição filipina proíbe dois mandatos consecutivos, o líder tinha a intenção de se apresentar para a vice-presidência, mas resolveu voltar atrás.
Segundo pesquisas recentes, Duterte, de 76 anos, mantém uma forte popularidade, quase a mesma de quando se elegeu em 2016 prometendo colocar um fim aos problemas relacionados ao tráfico de drogas no país. No entanto, o líder da extrema direita filipina, que governa o país de forma extremamente autoritária, está impedido por lei de concorrer a um novo mandato de seis anos.
"O sentimento entre os filipinos é que não estou qualificado e [se candidatar à reeleição] seria desrespeitar a Constituição", declarou neste sábado. "Hoje eu anuncio a minha aposentadoria da política", reiterou.
Em agosto, Duterte havia declarado que seria candidato à vice-presidência, prometendo continuar sua "cruzada" contra o tráfico de drogas. O anúncio revoltou a oposição que denunciou uma "cortina de fumaça" e uma estratégia para se proteger das investigações sobre as milhares de mortes cometidas durante seu governo em nome do combate à criminalidade.
Além disso, pesquisas recentes mostram que a população, apesar de apoiar Duterte, não acredita que sua candidatura estaria conforme à Constituição.
Candidatura da filha Sara
O presidente filipino não anunciou quando deixará a vida política, nem quem pretende apoiar nas eleições de 2022. Mas tudo indica que ele deve respaldar a filha Sara Duterte-Carpio, integrante de um outro partido e prefeita da cidade de Davao, no sul. Ela lidera as pesquisas de intenção de voto.
Se Sara se eleger à presidência, poderá ajudar a proteger Duterte das investigações penais que enfrenta na justiça, mas também das denúncias contra ele no Tribunal Penal Internacional. Em setembro, a corte autorizou investigações sobre a controversa campanha de luta contra o tráfico de drogas nas Filipinas que resultou em abusos das forças de segurança e morte de milhares de cidadãos.
A campanha eleitoral filipina teve início na sexta-feira (1°), com o anúncio das candidaturas à presidência, mas também para outros cargos, como prefeitos e vereadores. Sara, que não pretendia disputar o posto de líder do país caso Duterte fosse candidado à vice-presidência, ainda não se pronunciou sobre a aposentadoria do pai.
Entre os principais candidatos a suceder o presidente, está Ferdinand "Bongbong" Marcos, filho do ex-ditador filipino Ferdinand Emmanuel Edralín Marcos, bem como o ex-ator e prefeito da capital Manila, Francisco Domagoso, conhecido pelo apelido de Isko Moreno. A estrela do boxe Manny Pacquiao, que anunciou recentemente sua aposentadoria do esporte, também registrou sua candidatura à presidência na sexta-feira.
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