Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 09/10/2021 às 10h30
Porto Velho, capital de Rondônia, que completou recentemente 107 anos tem cerca de 600 mil habitantes. A cidade cresceu e praticamente dobrou a população, após a construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, que teve início em 2009.
Durante os anos de construção das hidrelétricas, que hoje garantem energia elétrica a boa parte dos estados do centro-oeste do País, tudo na cidade era superdimensionado. Os imóveis triplicaram, quadruplicaram de preços, tanto para compra e venda ou para locação. Foram situações que enriqueceram muita gente.
Apesar de a cidade crescer econômica e socialmente, o trânsito, que antes era tranquilo e organizado, inclusive teve um período de estacionamento regulamentado na área central, opção que hoje não existe mais, se tornou um caos com a multiplicação dos acedentes tendo as motocicletas, como maior propulsora da violência no trânsito complicado, confuso e violento de Porto Velho.
Apesar de a cidade crescer em todos os sentidos (social, econômico, habitacional, populacional) o trânsito continua sem solução, ou ao menos, um paliativo. Não há organização, a sinalização (horizontal, vertical e aérea) é precária, arcaica, a maioria dos motoristas não tem noção de pista lenta, média, rápida. Muito em razão da falta de orientação e organização do Detran e da Secretaria Municipal de Trânsito-Semtran.
Apesar de ser uma cidade centenária, Porto Velho não tem estacionamento regulamentado nos principais pontos comerciais como nas zonas (Sul e Leste) e no anel central. A fiscalização é zero à esquerda e, como exemplo disso podemos citar um acidente que aconteceu recentemente no centro da cidade, onde uma carreta não conseguiu subir uma ladeira, voltou, bateu num poste e invadiu parte de uma loja. Felizmente ninguém se feriu, mas faltou pouco, para uma tragédia. Isso por volta das 9h30. Um absurdo.
Citamos o Detran e a Semtran pela desorganização no trânsito de Porto Velho, porque são omissos. Apesar de proporcionalmente ser o maior órgão arrecadador do Estado, mesmo sendo uma autarquia, o Detran de Rondônia não investe em campanhas de conscientização da população (motoristas, motociclistas, ciclistas, pedestres) e em infraestrutura como veículos para deslocamentos e pessoal para organizar, orientar e, se necessário, multar, apreender o veículo.
Em passado recente a prefeitura tinha os agentes de trânsito, que existiam, mas não se sabia a que. Se abrigar em sombras de árvores e multar era a especialidade dos “Cabeças de Tapioca”. E dentre eles, ainda, tinha um valentão, que andou criando inúmeros problemas usando e abusando da ignorância, ameaçando pessoas de prisão, quando ele é quem deveria ser preso. Hoje nem eles estão pelas ruas...
A maioria dos semáforos de Porto Velho tinha câmeras instaladas registrando o movimento. Não há mais. Outro problema sério é quando um semáforo é danificado. O correto seria o pessoal ligado ao trânsito, organizá-lo com pessoal qualificado para que os veículos fluam normalmente. Mas não é isso o que ocorre. E tudo vira um caos, ainda, maior que o normal.
Outro problema crônico é a desobediência à já precária sinalização. A maioria dos entregadores de encomendas não respeita semáforos, faixa de pedestres, placas de orientação. Impressiona os abusos cometidos por boa parte desses motoqueiros, e não os motociclistas, que ajudam a complicar o já difícil e violento trânsito de Porto Velho.
O Detran e a Semtran devem buscar meios e formas de melhorar o sistema de trânsito da capital. O prefeito Hildon Chaves (PSDB) reeleito em novembro último, para mais um mandato vem realizando um trabalho elogiável no recapeamento e na recuperação e ampliação da malha asfáltica da cidade, no centro e nos bairros. É necessário que a pintura dos quebra-molas, hoje armadilhas, devido a visualização difícil e principalmente colocar pessoal qualificado nas ruas e avenidas, para orientar, organizar e punir, quando for o caso, além de uma ampla e permanente campanha de educação de trânsito, além de firmar parceria com a Polícia Militar, para que se tenha mais respeito e se evite os inúmeros acidentes, a maior parte deles provocado por motoqueiros aumentando a cada dia o número de óbitos e de pessoas mutiladas, devido ao trânsito violento, desorganizado e fatal em muitos casos.
Uma atuação mais enérgica e técnica da Semtran, de conscientização do Detran, certamente irá contribuir para a redução do número de pessoas atendidas diariamente no Pronto Socorro João Paulo II, a maioria na área de ortopedia e traumatismo craniano em razão dos inúmeros acidentes envolvendo motocicletas.
Sempre é importante lembrar, que o atendimento no Pronto Socorro JP II é muito criticado, porque pessoas ficam em macas nos corredores, mas Porto Velho é a única capital do País, que não tem um PS municipal. Criticar o trabalho hercúleo do pessoal do JP II pelas redes sociais é fácil, mas as pessoas não sabem a luta dos médicos, enfermeiros e pessoal administrativo, para salvar vidas, em grande parte de pessoas irresponsáveis, que fazem do trânsito uma arma.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2021/10/o-dificil-confuso-e-violento-transito-de-porto-velho,115167.shtml