RFI
Publicada em 16/10/2021 às 09h03
A polícia metropolitana do Reino Unido qualificou, na madrugada de sábado (16), o assassinato do deputado David Amess de ato terrorista e indicou que os primeiros elementos da investigação “revelaram um motivo potencialmente ligado ao extremismo islâmico”. O choque provocado no Reino Unido pela morte do parlamentar colocou a segurança de políticos em debate, cinco anos depois de outro ataque que estremeceu o país.
Na sexta-feira (15), um homem de 25 anos foi preso, após ter assassinado Amess a facadas. O ataque aconteceu em uma igreja metodista, onde o deputado conservador, de 69 anos, recebia eleitores em Leigh on Sea, a aproximadamente 60 km de Londres.
Segundo a imprensa do Reino Unido, o homem interrogado seria britânico de origem somaliana.
A morte de Amess, deputado há quase 40 anos, lembrou o trauma recente gerado pelo assassinato da deputada trabalhista Jo Cox em junho de 2016. Ela foi morta com tiros e facadas por um neonazista, Thomas Mair, de 53 anos, uma semana antes do referendo britânico sobre a saída do Reino Unido da União Europeia.
Na sexta-feira, Kim Leadbeater, deputada trabalhista e irmã de Cox disse estar “assustada” pelo ataque e chocada de “pensar que uma coisa tão horrível possa acontecer novamente a um outro deputado, ou outra família”.
Segurança em questão
Os dois dramas põem em questão a segurança dos deputados, principalmente quando estão em contato com o público em suas comarcas.
“Após dois assassinatos, em cinco anos, devemos levar a segurança dos deputados à sério”, escreveu o deputado trabalhista Chris Bryant em um artigo de opinião no jornal The Guardian.
Ele sugeriu que os deputados encontrem seus eleitores “somente com hora marcada”, em suas comarcas. “Nós não queremos viver em fortalezas, mas não quero perder outro colega em um assassinato violento”, explicou.
A ministra do interior Priti Patel pediu “a todas as forças da polícia que as convenções de segurança para deputados sejam revistas imediatamente”, de acordo com seu porta-voz, na noite de sexta-feira, precisando que a ministra daria mais detalhes sobre as mudanças em breve.
A preocupação é alimentada pelas cifras da polícia que mostram um aumento da delinquência tendo como alvo parlamentares. De acordo com a Scotland Yard, este tipo de violência aumentou em 126% entre 2017 e 2018 e em 90% nos quatro primeiros meses de 2019.
Vários deputados dizem ter sofrido ameaças de morte durante os debates sobre o Brexit que dividiram o país.
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