AFP
Publicada em 18/10/2021 às 15h06
O Chile é palco nesta segunda-feira (18) de manifestações para relembrar os dois anos dos protestos gigantescos que exigiram mudanças para acabar com a profunda desigualdade do país e que impulsionaram a elaboração de uma Constituição nova.
Este segundo aniversário da "revolta social", que mudou o cenário político do país com uma das economias mais estáveis na região, coincide com o início da redação da nova Constituição, um processo que em novembro de 2019 conseguiu canalizar pela via institucional a indignação por um modelo sem bem-estar pelo qual a maioria dos 19 milhões de chilenos pediu um "novo pacto social".
Desde o início da madrugada, diversas manifestações se espalharam pelo país, principalmente em Santiago, onde começou a revolta em 2019, que deixou mais de trinta mortos e gerou acusações internacionais de violações dos direitos humanos por parte do governo do conservador Sebastián Piñera, pela dura repressão dos protestos.
Estudantes de ensino médio, que iniciaram o movimento pelo aumento do preço da passagem de metrô que culminou na grande revolta de 18 de outubro de 2019, se reuniram nesta segunda-feira em uma passarela próxima ao edifício Costanera Center, o maior arranha-céu da América do Sul.
"O único caminho é o exemplo de outubro", dizia uma faixa que os manifestantes penduraram na passarela.
Em outra parte da cidade, cerca de 100 pessoas cortaram o trânsito de veículos na Alameda, a principal avenida de Santiago, para exigirem moradias dignas.
Há mais de 50 convocações para manifestações à tarde na praça Itália de Santiago, epicentro dos protestos em 2019. As autoridades retiraram semáforos e lixeiras das ruas para evitar que sejam destruídos.
Os comerciantes locais da região da praça também planejam fechar várias horas antes para evitar danos.
Ao menos 5.000 agentes da polícia foram mobilizados em todo o Chile para enfrentar os possíveis protestos, segundo a imprensa local.
Desde a revolta social de dois anos atrás, as exigências das classes trabalhadoras e dos grupos de esquerda por uma saúde pública universal, educação gratuita e de qualidade e aposentadorias dignas sempre iam na contramão das intenções do governo de direita, dos empresários e de outros setores conservadores.
Esses últimos buscam evitar uma mudança do sistema neoliberal introduzido pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) e mantido durante os últimos 30 anos de democracia, regido por uma Constituição também herdada do regime militar, foco das críticas nas manifestações.
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