Rondoniadinamica
Publicada em 26/10/2021 às 10h29
Porto Velho, RO – Ex-juiz federal Sérgio Moro é considerado pelos bolsonaristas um traidor: isto porque em abril de 2020 pediu demissão alegando interferência da gestão na Polícia Federal (PF).
A partir do episódio, tornou-se “persona non grata” entre os atuais mandatários do Poder relacionado à União.
Moro foi tratado como celebridade em decorrência de seus julgamentos nos autos voltados à Operação Lava Jato.
Essa visibilidade acabou compelindo-o ao mundo da política tradicional. Foi quando colocou suas credenciais à disposição do atual presidente da República para ocupar a função de titular no Ministério da Justiça e Segurança Pública na primeira composição anunciada por Messias.
A cisão fez com que o antigo magistrado recolhesse os flaps e saísse de cena, deixando o processo autofágico da desastrosa administração Bolsonaro dar conta de si mesma, especialmente no modo em que lidou com a pandemia do novo-velho Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2).
O resultado da negligência encorajou Sérgio Moro a colocar o cabeça para fora do casco de novo, porquanto a tal da “terceira via” ganhava corpo tanto na mídia corporativa quanto nas redes socias.
Foi aí que Renata Abreu, presidente do Podemos, viu a oportunidade de juntar a fome com a vontade de comer sem explicar direito, no entanto, a alta adesão da legenda à gestão Bolsonaro: a taxa é de 81%.
É perceptível que a sigla de Renata e do deputado federal Léo Moraes quer dar uma de João-sem-braços, beijando a bochecha de um enquanto aperta a mão do outro. Não vai colar porque o Brasil respira um binarismo público sem precedentes, onde, cada vez mais, os polos se distanciam conservando arcaicas concepções maniqueístas.
Para Léo Moraes, diga-se de passagem, a novidade não é lá muito boa. O congressista tem se esforçado para manter o “namoro” com o morador do Alvorada em dia, fazendo questão, inclusive, de emitir pareceres alinhados com o governo federal, ficando atrás apenas do sabujo senador Marcos Rogério, do DEM.
A despeito de ter tietado o ex-ministro no passado, Moraes não é do tipo que carrega a história debaixo do braço; portanto o retorno do “fantasma” de Moro agora, neste momento, soa muito mais como assombração.
Até porque Rondônia segue febrilmente bolsonarista – ao menos no termômetro redes sociais –, e isto implica dizer que ser obrigado a apoiar o ex-juiz por conveniências partidárias pode acabar gerando freios desconfortáveis na hora de decidir rumar para o Palácio Rio Madeira em 2022.
Regionalmente, para o congressista, é uma sinuca de bico: ele certamente não conseguirá ficar em cima do muro, vez que a sociedade cobrará posicionamento claro.
Léo Moraes vai com Bolsonaro ou com Moro? Ele é pró-governo ou terceira via?
Cabe a ele decidir e trilhar um entre os dois caminhos levando em consideração as sequelas de ambos os percursos.
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