AFP
Publicada em 27/10/2021 às 15h28
Israel aprovou nesta quarta-feira (27) a construção de 3.144 casas para os colonos na Cisjordânia ocupada, anunciou o Exército israelense, um dia depois de os Estados Unidos criticarem fortemente os planos de ampliação dos assentamentos.
O comitê de planejamento da administração civil de Israel deu o seu aval definitivo para 1.800 imóveis e aprovou outras 1.344 construções, anunciou à AFP um porta-voz deste órgão militar, que supervisiona as questões civis nos Territórios Palestinos.
Os anúncios acontecem um dia depois de uma declaração crítica da diplomacia americana, que se disse "profundamente preocupada" com a política israelense de construção dessas colônias.
Trata-se de um dos posicionamentos mais firmes de Washington em relação à colonização israelense nos Territórios Palestinos desde a chegada do presidente Joe Biden à Casa Branca, no início deste ano.
"Estamos profundamente preocupados com o projeto do governo israelense", declarou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, aos jornalistas, na terça-feira.
"Nos opomos firmemente à ampliação das colônias, o que é totalmente contrário aos esforços de reduzir as tensões e garantir a calma, e afeta as perspectivas de uma solução de dois Estados", israelense e palestino, acrescentou.
Em um comunicado, a presidência palestina condenou a aprovação por parte de Israel dessas novas habitações nas colônias, que ameaçam "ainda mais" a solução de dois Estados, e pediu que os Estados Unidos se opusessem a essas medidas "unilaterais".
O Ministério da Construção israelense, por outro lado, havia anunciado na segunda-feira o lançamento de licitações para erguer outras 1.355 residências para colonos na Cisjordânia.
O comitê de planejamento da administração civil deve se reunir no próximo domingo para aprovar a construção de 1.301 habitações na zona C na Cisjordânia, que está sob controle total de Israel.
Esse projeto é uma "tentativa de legitimar a colonização" israelense e revela o "desejo de chamar a atenção de comunidade internacional e da opinião pública mundial", afirmou o Ministério de Relações Exteriores palestino, sobre os planos de ampliação dos assentamentos israelenses, em um comunicado emitido em agosto.
- Projetos de destruição -
A ONG israelense Peace Now, que se opõe à política de ampliação dos assentamentos israelenses, denunciou esses novos projetos nas colônias.
"O governo [israelense] traiu seus compromissos de status-quo ao avançar com projetos de destruição e impulsionar a colonização", afirmou a ONG em nota.
Cerca de 475.000 colonos israelenses vivem na Cisjordânia, um território ocupado que também é lar de 2,8 milhões de palestinos. A colonização israelense, ilegal segundo o direito internacional, foi continuada por todos os governos israelenses desde 1967.
Nos últimos anos, as construções se aceleraram sob impulso do ex-primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Seu sucessor, Naftali Bennett, lidera desde meados de junho uma coalizão incomum, que reúne desde a direita radical até partidos de esquerda.
Os anúncios de avanços na ampliação dos assentamentos na Cisjordânia também acontecem no momento em que o governo israelense vem adotando medidas paralelas para melhorar a vida cotidiana dos palestinos, mas sem abordar o delicado assunto da retomada do processo de paz.
Além disso, a coalizão de Bennett deve conseguir aprovar no Parlamento, até meados de novembro, um orçamento de Estado. Se não conseguir, isso levará à convocação de novas eleições.
De acordo com as pesquisas mais recentes, um novo pleito poderia resultar na diminuição de cadeiras dos partidos de direita que integram a coalizão, em especial o do primeiro-ministro.
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