Professor Nazareno
Publicada em 18/11/2021 às 09h56
Para muitas pessoas, Deus simplesmente não existe. É uma criação dos homens, que diante do desconhecimento das coisas que os cercam, inventaram um ser invisível e muito poderoso que tudo pode, tudo sabe e em todo lugar está presente. Além de ter o domínio absoluto sobre todas as ações antrópicas, Ele é uma espécie de juiz que vai julgar a todos num dia incerto e não sabido. Além de Deus, os homens teriam inventado também seus representantes e até um forte opositor: satanás. Seus criadores achavam que, temendo um ser superior, poderoso e indestrutível, o homem frearia sua arrogância e sua maldade na Terra. Mas existindo ou não, tendo sido criado pelo homem ou não, o fato é que muitas pessoas afirmam que já O viram e dizem ter provas irrefutáveis de sua existência. Muitos até dizem que Ele frequenta o hospital João Paulo II de Porto Velho.
Quando alguém tem a suprema infelicidade de procurar ajuda médica no referido logradouro público é comum ouvir de seus amigos e familiares: “Deus te acompanhe”. Ou então o já famoso e infalível “Deus estará contigo”. E assim o pobre infeliz, na companhia do Todo Poderoso e já meio desenganado, é colocado no chão frio numa maca improvisada num dos corredores sujos e infectados daquele “hospital” à espera da morte certa ou então de um médico que passará dias ou até semanas para atendê-lo. Sob uma forte goteira e o mau cheiro de carne humana apodrecida, o sujeito se sente feliz e tranquilo, pois “Deus está ali com ele”. E Deus é muito bom mesmo, já que deu aos homens públicos de Rondônia a capacidade ímpar de ter criado um hospital “tão bom” quanto este. Não fosse Ele com sua infinita bondade, todos morreriam no meio da rua.
Deus deve viver dentro do João Paulo II de Porto Velho, pois este hospital é quase indestrutível e parece que durará para sempre. Jerônimo Santana, Osvaldo Piana, Valdir Raupp, José Bianco, dois mandatos de Ivo Cassol, o do Império da Roça, dois mandatos de Confúcio Moura, um médico, e um mandato do bolsonarista Marcos Rocha. Ou seja, “Açougue” 7 X 0 Governadores. E seriam nove. Em 2022, recomeçará a “boa, abençoada e divina” campanha eleitoral para presidente, governador, senador, deputados estaduais e deputados federais. Deus, óbvio, estará junto com todos eles abençoando as promessas, que serão, como sempre, transformadas em votos. Sem Deus e sem o João Paulo muitas autoridades não sobrevivem: “e o açougue será substituído”.
“O próximo ano, portanto, será a arrancada final daquilo ali”. Todos dirão isso nas promessas de palanque. O “oceano de autoridades”, que geralmente têm bons planos de saúde e ótimo atendimento médico, finalmente vai dar andamento à papelada para iniciar os trabalhos de construção de um novo hospital de pronto socorro para Porto Velho e para Rondônia. E se tudo der certo, daqui a quatro, cinco anos ou até um pouquinho mais, teremos um hospital público de onde até Deus vai se orgulhar. Mas o velho João Paulo II continuará matando. Assim como a falta de esgoto e água tratada da capital. Entra prefeito e sai prefeito e a cidade continua fedida, suja e imunda. Mas nas campanhas eleitorais, as promessas se renovam. E como satanás é o protetor maior de Porto Velho, não custava nada que Deus, por vontade própria, cedesse seu lugar e desse ao diabo a prioridade de administrar e cuidar do hospital. Talvez as coisas melhorassem!
*Foi Professor em Porto Velho.
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