Rondoniadinamica
Publicada em 22/11/2021 às 14h51
Porto Velho, RO – O senador licenciado de Rondônia Confúcio Moura, do MDB, ex-governador do Estado, republicou texto em escrito em 2007, há 14 anos.
Nele, aborda diversos temas; entre eles, a pena de morte, prática que o político rechaçava à época e parece conservar o mesmo pensamento atualmente.
Na visão dele, “Não há lei que regulamente a pena de morte no Brasil. Seria um desastre. Só pobre e negros morreria [sic] na guilhotina. Enquanto não há lei, os bandidos matam. Matam deslavadamente, fica por isso mesmo. É a nossa guerra civil, mais morte que no Iraque”, destacou.
CONFIRA A ÍNTEGRA:
SER DO CONTRA
Ariquemes, 3 de junho de 2007.
Confúcio Moura
Acho que sou do contra. Porque ser contra me seduz avidamente. Creio que ideologia e pensamento sejam genéticos, vêm de dentro. Hoje quero me deslanchar neste mundo tobogã. Descer ladeira abaixo zunindo. Falar de coisas ardentes. Meter a colher de pau em certos princípios.
Bem claro: não sou comunista. Não gosto do regime. Nem do socialismo marxista nem da ultradireita. Sou um moderado, de centro, até um meio socialdemocrata no limite. Sou um fabricante de consensos, embora seja uma idiotice. Se você quiser lhe vendo acordos, que é uma merda.
Defendo os transgênicos. Sou a favor da lei do divórcio. Recomendo o uso da “camisinha”. Sou a favor da pesquisa com células-troncos. Acredito na teoria da evolução de Darwin.
Acho delicioso o debate filosófico em que todos têm razão. Creio na lei da oferta e procura, a mais sagrada. Para quem precisa, defendo também a reprodução humana assistida. A pena de morte, ah! A pena de morte. Amaral Neto cumpriu três ou quatro mandatos para aprová-la, não deu em nada. Não há lei que regulamente a pena de morte no Brasil. Seria um desastre. Só pobre e negros morreria na guilhotina.
Enquanto não há lei, os bandidos matam. Matam deslavadamente, fica por isso mesmo. É a nossa guerra civil, mais morte que no Iraque.
De Orides Fontela: “Na oposição se completam os arcanjos contrários. Sendo a mesma existência em dois sentidos (um, severo e nítido na negação pura de seu ser. O outro em adoração firmado). Não se contemplam e se sabem um mesmo enigma cindido. Combatem-se, mas abraçando-se na unidade da essência”.
Não se pode ser contra a ciência. Mais cedo ou mais tarde ela irá prevalecer por necessidade. Porque a ciência é real, como a pedra. Células-troncos embrionárias podem curar dezenas de doenças hoje incuráveis. Os doentes dirão a maior verdade. Pior são os venenos jogados nas lavouras e nos rios.
Defendo o direito de propriedade como sagrado. Ele move o mundo. Como se pode prosperar sem o amparo legal ao direito de propriedade? De ser dono de sua própria casa, do seu terreno, da sua loja ou da sua fazenda? Impossível. O discurso da esquerda radical, de que a propriedade é uma anomalia pré-histórica não deu certo, nem na Rússia e em nenhum país comunista do mundo.
Bom mesmo é bom senso, o meio termo, nem muito e nem pouco. Bom mesmo é a criação de oportunidades para todos, é investir na educação de qualidade porque ela abre portas para a juventude, é a criação de trabalho e emprego.
Há muitos temas polêmicos. O que pode, o que não pode, o que deve e o que não deve. Nem estou aí. Tudo isto é uma questão de tempo e necessidade, na hora certa o homem aprovará o que precisa. Esquece o passado, mais tarde olha para trás e sorri das bobagens e dos argumentos em contrário.
Foi assim com a Terra. Uma luta de vida e morte para ser redonda. Foi assim com o Sol para ser o centro do universo. Foi assim com as vacinas, usava-se por força de polícia, com a genética, com a melhoria das sementes e das espécies animais.
Então, meu amigo, são estes os meus argumentos. É o que penso e sinto. É o que defendo e acredito.
“Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem” Robert Musil em O Homem sem Qualidades.
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