RFI
Publicada em 08/12/2021 às 14h48
O saudita preso na terça-feira (7) em Paris não é o indivíduo procurado pelas autoridades por ter participado do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (8) pela procuradoria-geral da capital francesa, que indicou ter libertado "o suspeito".
Em um comunicado, o procurador de Paris, Rémy Heitz, afirmou que o homem detido no aeroporto Charles de Gaulle foi abordado por agentes no momento em que se preparava para embarcar em um avião com destino à Riade, na Arábia Saudita. O "falso suspeito" se chama Khaled Aedh Al-Otaibi: o mesmo nome de um antigo membro da Guarda Real Saudita, citado em documentos das investigações realizadas pelos Estados Unidos e o Reino Unido sobre a morte de Khashoggi.
O jornalista foi morto e esquartejado em 2 de outubro de 2018 no consulado da Arábia Saudita em Istambul. Seus restos mortais nunca foram encontrados. Um mandado de prisão internacional visando membros do comando saudita apontado como o responsável pelo crime foi emitido há cerca de três anos pelas autoridades turcas.
"Verificações aprofundadas relativas à sua identidade permitiram estabelecer que o mandado não se aplicava a esse homem", reiterou Heitz. "É um homônimo quase perfeito", tentou justificar uma fonte próxima do caso.
De fato, o indivíduo preso tem o mesmo nome do saudita procurado por participação no assassinato de Khashoggi. O alerta foi emitido pela Interpol no momento em que o passaporte do "falso suspeito" foi verificado no aeroporto Charles de Gaulle, antes do embarque. Depois da prisão, a embaixada da Arábia Saudita em Paris alertou as autoridades sobre o erro e pediu a libertação imediata do cidadão.
Fontes policiais explicaram também que no momento da abordagem do saudita, sua identidade não pôde ser verificada corretamente. Além do passaporte dele, os agentes contavam apenas com uma fotografia de má qualidade enviada pelas autoridades turcas.
Os serviços de segurança da Arábia Saudita indicaram que "o verdadeiro Khaled Aedh Al-Otaibi e todos os outros acusados no caso Khashoggi estão presos no reino". "Há centenas de sauditas que têm o mesmo nome", ressaltaram.
"Validação" do assassinato
Jamal Khashoggi era um grande crítico do regime saudita e trabalhava para o jornal americano The Washington Post. Um dos relatórios elaborados pelos serviços de inteligência americanos acusa o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman de ter "validado" o bárbaro assassinato.
Depois de negar qualquer envolvimento no crime, Riade admitiu que agentes sauditas, que teriam agido sozinhos, eram responsáveis pela morte do jornalista. No final de um opaco processo na Arábia Saudita, cinco pessoas foram condenadas à morte e três a penas de prisão.
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