G1
Publicada em 09/12/2021 às 15h01
O biólogo russo Kirill Sergeevich Kravchenko, de 36 anos, foi condenado a mais de 11 anos de prisão por tráfico de animais silvestres no Brasil. Ele foi preso em junho deste ano durante a operação Leshy, realizada em conjunto da Polícia Federal, Ibama, Polícia Rodoviária Federal e Interpol. A decisão é da 1ª Vara Federal de Guarulhos, na Grande São Paulo.
De acordo com o Ibama, ele é um dos maiores traficantes de animais do mundo e tinha contato com compradores nos cinco continentes. Segundo a Interpol, o réu faz parte de organização criminosa especializada no tráfico internacional de espécies animais, junto com mais três estrangeiros, sendo um deles, de nacionalidade sueca.
A primeira prisão ocorreu no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, quando tentava embarcar para a Rússia com 294 animais vivos, em 20 de janeiro.
O russo foi flagrado e preso após sua bagagem passar pelo aparelho de raio-x pouco antes de embarcar para San Petesburgo. Foram encontrados cerca de 50 lagartos, de três espécies diferentes, 50 aranhas, 25 sapos de cinco espécies diferentes e outros animais de espécies variadas.
A maior parte dos animais estava na bagagem de mão do biólogo.
De acordo com um fiscal do Ibama, os animais estavam muito mal acondicionados, em tuppewears, dentro da mala de mão e da despachada. Muitos animais morreram logo após serem identificados. Os lagartos estavam todos os 44 acondicionados no mesmo saco de algodão, onde deveria estar apenas um.
Quando foi preso, o biólogo alegou que o comércio de animais é permitido na Rússia e não possuía conhecimento da proibição das leis brasileiras, por ser cidadão russo. Ele foi multado pelo Ibama e teve seu passaporte retido pela PF, e liberado na sequência.
A segunda prisão ocorreu na rodovia presidente Dutra, em Seropédica, no Rio de Janeiro, em uma ação da Polícia Rodoviária Federal, no dia 18 de junho, após a Polícia Rodoviária Federal parar o ônibus onde estava o russo e encontrar 320 animais com o biólogo.
"O grupo tem a capacidade de capturar animais em qualquer lugar do mundo, realizando expedições de vários dias e, em algumas ocasiões, contratando os serviços de nativos para que estes capturem exemplares de espécies de interesse para o posterior tráfico ilegal. Sabe-se também que o grupo mantém uma rede de 'mulas', que costumam viajar em grupos para poder transportar os animais por via aérea", diz a decisão.
A sentença foi proferida na 1ª Vara Federal de Guarulhos, na Grande São Paulo, pela juíza Ana Emilia Rodrigues Aires, no dia 3 de dezembro.
O Ibama disse que ele já vinha sendo monitorado desde 2017 porque traficava os animais para vendê-los na Rússia.
As conversas obtidas através do aparelho celular do réu, demonstram que o acusado atuava na obtenção dos animais silvestres, bem como no transporte até as outras pessoas da organização. As conversas tinham referências a espécies de animais, algumas acompanhadas de valores e quantidades, incluindo referências a suas supostas origens, como do Brasil, República Tcheca, Equador, Egito, África do Sul, Panamá, Namíbia, Japão, Vietnã e Angola.
Os agentes do Ibama informaram que os bichos foram recolhidos em São Paulo e também em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Todos foram levados para o Instituto Butantan.
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