AFP
Publicada em 09/12/2021 às 15h32
O cidadão saudita detido por engano na França por relação com o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi afirmou que se sentiu como "um animal em um zoológico" durante a sua detenção, segundo um depoimento feito nesta quinta-feira (9) a uma emissora de seu país.
Khalid Alotaibi foi detido na terça-feira (7) no aeroporto Charles de Gaulle, de Paris, quando foi confundido com um dos integrantes do comando envolvido no assassinato de Jamal Khashoggi em 2018, no consulado saudita de Istambul, na Turquia.
O cidadão saudita foi libertado no dia seguinte, quando as autoridades verificaram sua identidade.
"Me levaram para uma sala com paredes de vidro, que é usada para os criminosos [...], não muito bem ventilada", declarou Alotaibi, pálido e cansado, à emissora de televisão estatal Al Ekhbariya, após seu retorno à Arabia Saudita.
"Eles me olhavam como se eu fosse um animal em um zoológico", acrescentou.
Na França, uma fonte próxima da investigação mencionou que se tratava de um "homônimo quase perfeito".
"Os arquivos de buscas cruzadas correspondiam ao perfil de Alotaibi: mesmo mês, ano e local de nascimento" e, inclusive, ambos "se pareciam fisicamente" explicou a fonte à AFP.
Nesta quinta-feira, o jornal saudita Al Riyadh exigiu um pedido de desculpas da França. "A libertação deste cidadão não é suficiente para retificar a posição de Paris", escreveu a publicação.
"O caso pede una ação judicial para compensar o dano moral que este cidadão sofreu", acrescentou o texto.
Crítico do poder saudita, Jamal Khashoggi, morava nos Estados Unidos e colaborava com o jornal Washington Post. Foi assassinado em 2 de outubro de 2018 no consulado saudita em Istambul por uma equipe de agentes procedentes da Arábia Saudita.
Seu corpo teria sido esquartejado e nunca foi encontrado.
Um relatório do serviço de inteligência dos Estados Unidos aponta o príncipe-herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, como "mandante" do crime. Em um primeiro momento, Riade negou o assassinato, mas depois afirmou que o mesmo foi cometido por agentes sauditas que agiram por conta própria.
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