G1
Publicada em 07/01/2022 às 09h27
Homem caminha em frente ao prédio da Prefeitura de Almaty, a maior cidade do Cazaquistão, que foi incendiado durante protestos desencadeados pelo aumento do preço do combustível e que O presidente do Cazaquistão, Kassym Jomart Tokayev, anunciou nesta sexta-feira (7) que autorizou as forças da segurança a abrirem fogo "sem aviso prévio" para pôr fim aos protestos que abalam o país.
"Dei a ordem de atirar para matar sem aviso prévio", declarou Tokayev em discurso transmitido pela televisão, acrescentando que "os terroristas continuam danificando propriedades e usando armas contra os cidadãos".
O presidente cazaque rejeitou qualquer negociação e prometeu "eliminar" os "bandidos" que provocaram os distúrbios, que segundo ele, são cerca de "20 mil" com um "plano claro".
Tokayev afirmou que "as forças da ordem estão trabalhando duro" e "a ordem constitucional foi amplamente restabelecida em todas as regiões", mas acrescentou que as operações de segurança vão continuar "até a destruição total dos militantes".
Dezenas de manifestantes e 18 membros das forças de segurança já morreram em confrontos no Cazaquistão, país que vive uma onda de manifestações que culminou na dissolução do governo. Segundo a TV estatal, dois policiais foram encontrados decapitados.
Cerca de 2,3 mil pessoas já foram detidas e 748 policiais ficaram feridos nos maiores protestos desde a independência do país em 1991, em meio ao colapso da União Soviética.
O motivo dos protestos
Os protestos explodiram no domingo (2), após o governo dobrar o preço do gás GLP e de outros combustíveis no primeiro dia do ano, e se espalharam pelo país.
O presidente Kassym-Jomart Tokayev tentou reprimir os protestos com violência, voltou atrás do aumento dos combustíveis, dissolveu o próprio governo (mas não renunciou), declarou estado de emergência e impôs um toque de recolher, mas a população continuou nas ruas.
As manifestações também passaram a refletir insatisfações da população com o governo e a abraçar outras reivindicações, como a mudança do regime político, a eleição direta dos governos locais, o fim das prisões arbitrárias e a redução da desigualdade.
Em meio à fúria da população, manifestantes atacaram prédios públicos, incendiaram a Prefeitura de Alamy, maior cidade e capital econômica do Cazaquistão, e chegaram a tomar o aeroporto da cidade. O comércio foi saqueado e carros, incendiados.
'Ajuda' da Rússia
Em meio aos distúrbios violentos, a Rússia enviou na quinta-feira (6) uma "força de paz" que inclui militares de Armênia, Belarus, Quirguistão e Tadjiquistão, países que integram a OTSC (Organização do Tratado de Segurança Coleta) junto com o Cazaquistão.
Tokayev agradeceu ao presidente russo, Vladimir Putin, por enviar tropas para o país e garantiu que a ordem foi amplamente restabelecida no país, após os dias de protestos sem precedentes.
"Os órgãos locais têm o controle da situação, mas os terroristas sempre usam armas e causam danos aos bens dos cidadãos", afirmou o presidente.
O Ministério do Interior afirmou que 26 "criminosos armados" morreram e 18 ficaram feridos. Disse também que todos os prédios públicos foram "liberados e postos sob maior proteção".
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