RFI
Publicada em 12/01/2022 às 12h45
Depois de ter se propagado rapidamente pela Europa, a variante ômicron vem provocando uma aceleração da pandemia de Covid-19 na América Latina. Vários países da região registram um aumento repentino no número de casos, com recordes batidos nos últimos dias.
O México registrou no sábado 30 mil contaminações em apenas 24 horas. O país não atingia números tão elevados desde agosto de 2021, quando contabilizou 28.023 casos. Segundo dados do Ministério mexicano da Saúde, o saldo total de infectados já ultrapassa 4 milhões de pessoas.
O governo do México pediu na terça-feira que a população evite se submeter a testes de detecção da Covid-19 caso apresente sintomas e permaneça em casa a fim de evitar os contágios diante da uma escassez mundial destes dispositivos médicos. "Ao invés de correr para o posto fazer um teste, o que se deve fazer é ficar em casa para evitar contagiar outras pessoas", disse o vice-secretário de Saúde, Hugo López-Gatell, porta-voz da estratégia governamental contra a pandemia.
Em meio a este repique de casos, o próprio presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, infectou-se pela segunda vez com a Covid-19, embora tenha informado que se sente "muito bem" e que teve apenas um mal-estar leve.
Situação preocupante no Peru
O Peru também registrou um recorde ao contabilizar 24.288 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas. Este número supera em mais de 7.100 o pico desta onda da pandemia, atingido no domingo (9), quando 17.128 casos foram confirmados em um único dia.
O Ministério peruano da Saúde confirmou, há uma semana, que o país atravessa uma nova fase da crise sanitária após as festas de fim de ano. Como na Europa, as infecções se devem à expansão da variante ômicron, altamente contagiosa. De acordo com o governo, 82% dos novos casos no Peru dizem respeito à nova cepa na Zona Metropolitana de Lima.
O ministro peruano da Saúde, Hernando Cevallos, disse à imprensa que a ômicron "atingirá todo sistema sanitário do país", principalmente o atendimento básico, realizado em postos e em centros de saúde.
O Peru foi severamente atingido pelas primeiras ondas da pandemia. O país teve a maior taxa de mortalidade pela Covid-19 do mundo, com 6.122 mortos por milhão de habitantes.
Apesar dos recordes, Argentina flexibiliza restrições
A situação não é muito diferente na Argentina, onde desde dezembro a variante ômicron tem se propagado. O país registrou um novo recorde de casos na terça-feira (11), com 134.439 contágios em 24 horas.
No entanto, o governo decidiu manter a flexibilização das restrições para quem receber a dose de reforço da vacina. Quem tiver tomado três injeções do imunizante e não apresentar sintomas será isento de fazer isolamento, caso tiver tido contato próximo com um caso positivo. Até então, estas pessoas deviam se isolar por cinco dias.
Os não vacinados, os que receberam uma dose ou os que foram vacinados antes de agosto deverão se isolar por dez dias se tiverem tido contato próximo com infectados. Os vacinados com duas doses só terão que se isolar e fazer testes entre três e cinco dias.
"Esta é uma etapa completamente diferente da onda anterior, não só na Argentina, mas no mundo”, defendeu a ministra da Saúde, Carla Vizzotti. “Temos 85% da população com uma dose e 74% com duas, e 60% das equipes de saúde e 40% dos maiores de 60 anos com doses de reforço", detalhou.
O governo argentino sustenta que apesar de o país atravessar uma disparada de casos, isso não se traduziu em maior número de mortes. Mas a ocupação nos leitos de terapia intensiva tem aumentado lentamente ao longo das últimas semanas e situa-se em 40%.
Aceleração generalizada
A grande maioria dos novos casos da Covid-19 ainda é detectada na Europa (7.211.290 casos em sete dias, +47% em comparação com a semana anterior) e nos Estados Unidos/Canadá (4.808.098 casos, +76%). Essas duas regiões representam respectivamente 49% e 33% dos casos contabilizados no mundo em uma semana.
No entanto, a Covid-19 se propaga novamente em quase todos os continentes. Além da América Latina/Caribe (1.126.862 casos, +148%), os números crescem na Oceania (369.313 casos em sete dias, +224%), no Oriente Médio (209.021 casos em sete dias, +116%) e na Ásia (714.017 casos, +145%). Apenas a África registra atualmente dados equilibrados (304.224 casos em sete dias).
No entanto, a atual onda de casos não está acompanhada de um aumento das mortes. Nos últimos sete dias, foi registrada uma média de 6.237 óbitos diários no mundo, a menor taxa desde o final de outubro de 2020.
Esses números se baseiam nos relatórios diários das autoridades de saúde de cada país. Uma parte significativa dos casos menos graves ou assintomáticos segue sem ser detectada, apesar da intensificação dos testes em muitos países desde o início da pandemia, após a descoberta do coronavírus no final de 2019. Além disso, as políticas de testes de detecção diferem de um país para o outro.
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