AFP
Publicada em 17/01/2022 às 15h46
Sete manifestantes morreram nesta segunda-feira (17) no Sudão, em um dos mais violentos dias de protesto contra o golpe de Estado do general Abdel Fatah al Burhan desde outubro.
Desafiando as patrulhas policiais e os militares munidos com armas pesadas, milhares de sudaneses voltaram a tomar as ruas em Cartum e em outros pontos do país.
Na capital, os manifestantes foram reprimidos com "munições reais", gás lacrimogêneo e canhões de água, informaram fontes médicas.
Sete manifestantes morreram baleados, informaram.
Desde o golpe de Estado de 25 de outubro, 71 manifestantes morreram. A polícia, por sua vez, indicou que um de seus generais foi esfaqueado até a morte na quinta-feira por manifestantes que, segundo o corpo armado, serão julgados com base nas leis de exceção que regem no país desde o golpe de Estado, quando foi decretado o estado de emergência.
A violência se prolongou por toda a tarde desta segunda-feira em Cartum, nos arredores do palácio presidencial, o antigo quartel general do ditador Omar al Bashir, que renunciou em 2019 pela pressão dos manifestantes nas ruas. Hoje, o palácio é a sede das autoridades de transição, controlada pelo general Burhan.
Os subúrbios da capital também foram palco de protestos reprimidos com violência. Em Omdurman, grupos de manifestantes queimaram pneus e levantaram barricadas para bloquear as estradas; em Cartum Norte, milhares de cidadãos foram às ruas aos gritos de: "Militares para o quartel!" e "Não tem como voltar atrás!".
As manifestações são duramente reprimidas pelas forças de segurança que, segundo denunciou a Organização Mundial da Saúde (OMS), também costumam atacar feridos e médicos nos hospitais.
- Governo para os civis -
A mobilização não se limita à capital.
Em Madani, por exemplo, 200 quilômetros ao sul do Sudão, "cerca de 2.000 manifestantes marcharam aos gritos de: 'Queremos só civis no poder!'", segundo relatou à uma testemunha, Imed Mohammed.
O país, de 45 milhões de habitantes, está imerso em uma crise política desde o golpe de Estado liderado por Abdel Fatah al Burhan, comandante-chefe do Exército.
Os manifestantes veem o golpe como uma forma de retorno ao regime de Omar al Bashir, uma ditadura de linha islamita que esteve 30 anos no poder neste país do nordeste da África, que desde sua independência há 66 anos praticamente só conheceu governos militares.
Além disso, o ex-primeiro-ministro Abdalá Hamdok, rosto civil da difícil transição, renunciou no início de janeiro.
As Nações Unidas, por sua vez, estão tentando organizar uma mesa de diálogo para impulsionar uma transição democrática.
Sua missão em Cartum se reuniu com diferentes personalidades no poder e também membros da sociedade civil e de associações de mulheres e jovens, mas até o momento ainda não alcançou um acordo para convocar negociações entre as partes.
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