ANSA
Publicada em 26/01/2022 às 14h33
A terceira sessão para escolher o presidente da Itália realizada nesta quarta-feira (26) terminou sem vencedor mais uma vez.
Esse foi o último escrutínio em que era necessário que um candidato obtivesse mais de dois terços dos 1009 votos disponíveis. A partir desta quinta (27), passa a valer apenas a maioria simples (505).
Conforme orientações das principais bancadas, a maior parte das cédulas (411) teve voto em branco e outras 21 foram nulas. Na terça-feira, haviam sido 527 cédulas em branco e 38 nulas. Na segunda-feira (24), eram 679 e 49, respectivamente. Ao todo, 980 representantes votaram e 72 nomes foram citados.
O mais votado foi o atual presidente, Sergio Mattarella, com 126. No entanto, o mandatário já reafirmou diversas vezes que não quer prorrogar sua permanência no Quirinale - até já adiantando sua mudança para Palermo.
O segundo nome foi Guido Crosetto, do Irmãos da Itália (FdI), com 115 votos. Após anunciar a orientação que era para sua bancada votar em branco, a líder da sigla ultranacionalista, Giorgia Meloni, mudou o pedido e disse que era para votar no ex-deputado, que já defendeu abertamente a saída da Itália da União Europeia.
Também voltou a ter muitos votos o jurista Paolo Maddalena , apoiado por dissidentes do Movimento 5 Estrelas (M5S), com 62.
Outro que apareceu com 52 votos foi o senador de centro Pier Fernando Casini.
Negociações
O dia foi marcado por mais uma série de negociações entre os grandes partidos para tentar chegar a um consenso.
Enquanto o FdI voltou a defender que o bloco com Força Itália (centro-direita) e Liga (extrema-direita) terá votos suficientes para eleger um candidato sem a necessidade de apoio dos demais partidos - o que, numericamente, só poderia ocorrer se houvessem "traições" de vários parlamentares -, a aliança entre M5S (populista), Partido Democrático (centro-esquerda) e a coalizão de esquerda Livres e Iguais está cada vez mais coesa.
"Com [Enrico] Letta, não há diferenças de avaliação bem como com outras forças com as quais estamos trabalhamos. Não falamos mais de 'reunião de centro-esquerda', aqui há uma força progressista, cada um com suas necessidades. Estamos todos alinhados para ter um presidente suprapartidário e trabalhamos com isso", disse o presidente do M5S, Giuseppe Conte, sobre o líder do PD.
Conte também deu a entender uma mudança de postura do M5S de, possivelmente, apoiar a saída de Mario Draghi da chefia de governo para a de Estado, a qual Conte estava bastante relutante.
"O Movimento diz sim a Draghi, já disse há um ano e o reforça agora porque a Itália ainda está de joelhos - e esse é o momento mais duro. Dizemos sim a Draghi e à visão com a qual o colocamos lá e estamos dispostos a relançar e apoiar as ações de governo por um pacto com todos os cidadãos juntos", disse ainda.
A possível candidatura de Draghi ainda encontra bastante relutância entre diversos partidos por um motivo simples: não há consenso sobre um nome que poderia substituí-lo e que conseguisse manter a atual coalizão - que vai da extrema-direita até a esquerda.
Tentando puxar outra sigla, a centrista Itália Viva, Letta se reuniu com o líder da legenda e ex-premiê Matteo Renzi nesta quarta em um "longo encontro", segundo fontes. Os dois teriam combinado os próximos passos e concordaram que é preciso evitar uma candidatura que quebre a coalizão que sustente o governo Draghi.
O maior ponto de tensão do dia, porém, foi a tentativa da centro-direita de tentar impor o nome da senadora e presidente do Senado, Maria Elisabetta Alberti Casellati.
"Propor a candidatura da segunda em cargo no Estado, junto à oposição, contra os próprios aliados de governo seria uma operação nunca vista na história do Quirinale. Absurdo e completamente incompreensível. Representaria em resumo, de maneira mais direta, que tudo iria explodir", disse Letta.
A fala refere-se, especificamente, à Liga e ao FI, que fazem parte da base de Draghi ao contrário do FdI, único grande partido de oposição.
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