Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 11/02/2022 às 13h26
Vereador em Cerejeiras, deputado estadual, vice-governador e governador de Rondônia. O advogado Daniel Pereira, superintendente do Sebrae-RO e presidente regional do Solidariedade é sempre citado como pré-candidato às eleições deste ano. Governador, senador, deputado federal, são algumas das opções de Daniel Pereira, que fala um pouco da sua trajetória política ao RONDÕNIA DINÂMICA, inclusive sobre o seu futuro político e do governo do seu sucessor, o governador Marcos Rocha (União Brasil).
RONDÔNIA DINÂMICA – Qual o futuro político do ex-governador?
Daniel Pereira – Nunca tive essa preocupação, porque mandatos são situações circunstanciais. Não tenho carreira política. Se ficar como está, ótimo, se mudar a responsabilidade é a mesma.
RD – Você nunca foi dirigente político-partidário. Passou pelo PT e PSB sem ocupar cargos na direção. Hoje é presidente regional do Solidariedade. O que mudou?
Daniel – Militei 20 anos no PT, nunca fui dirigente partidário, nunca fiz parte da diretoria do partido. No PSB a mesma coisa. Fui convidado por um grupo de amigos para dirigir um partido liderado pelo ex-deputado estadual Tiziu Jidalías o Solidariedade no Estado. Tivemos vários contatos, gostei da direção nacional do partido e hoje estou presidente.
RD – Qual a representatividade do Solidariedade no Estado?
Daniel – Nas últimas eleições fizemos 13 vereadores em Rondônia, sendo 4 vereadoras, o maior percentual de mulheres do Estado. Hoje como dirigente partidário tenho que cuidar de todas as candidaturas. Não é missão das mais fáceis.
RD – O que está projetado pelo ex-governador Daniel para 2022?
Daniel – Rondônia foi o primeiro Estado do Brasil a se mobilizar e organizar na formação de uma frente de apoio a Lula presidente. Estamos a frente com dirigentes do PT, PC do B, PV e do PSB na construção do processo.
RD – Qual a função da Frente Rondônia pró-Lula?
Daniel – Uma frente depende de consenso de algumas coisas. Não basta eleger um presidente, um governador. É preciso eleger uma bancada federal para dar sustentação ao projeto político.
RD – Qual a proposta da frente partidária para garantir a sustentação ao candidato à presidência da República e ao governo do Estado?
Daniel – Criar um Plano de Governo, que deve servir de manual de orientações para os futuros candidatos a governador hoje com duas opções: Anselmo de Jesus, do PT e Vinícius Miguel, hoje no Cidadania, mas com opção de filiação ao PT ou Solidariedade.
RD – Nas eleições de 2002 o PT de Rondônia colocou três representantes no Congresso Nacional.
Daniel – Sim ajudamos a eleger dois deputados federais e uma senadora, que foram base importante de apoio ao governo Lula. Eleger, por exemplo, o presidente da República sem sustentação no Congresso é suicídio político. É abrir espaço para o impeachment, como ocorreu com Dilma Rousseff.
RD – Quais seriam as opções, hoje, para o Senado?
Daniel – Além de Ramon Cujuí, que foi candidato a prefeito de Porto Velho nas eleições de novembro de 2020 meu nome também está à disposição.
RD – O que muda nas eleições deste ano com as federações?
Daniel – O pluripartidarismo no Brasil exagerou com a legalização de mais de 30 partidos políticos. O objetivo é reduzir a quantidade de partidos e exigir que eles se organizem melhor. As coligações eram feitas de acordo com interesses regionais e nem sempre as disputas ideológicas nacionais eram respeitadas.
RD – As federações fortalecerão os partidos?
Daniel – Sim. É uma oportunidade nova, para que os partidos com identidade política se juntem em nível nacional com fidelidade de pelo menos 4 anos. Grupos se juntando fortalecerão os partidos e, aqueles que só tinham CNPJ para “vender” espaço em horário eleitoral desaparecerão.
RD – Em 2018 o Sr. assumiu o governo durante cerca de 9 meses, porque não concorreu à reeleição?
Daniel – Há várias razões e uma delas o compromisso político-partidário. Tínhamos acordo com o hoje senador Acir Gurgacz (PDT), desde quando ele foi prefeito de Ji-Paraná em 2000, candidato a governador em 2002, em 2006 no primeiro mandato ao Senado e na reeleição em 2014. O PDT deu total apoio à minha candidatura a vice-governador na reeleição de Confúcio Moura (MDB) em 2014.
RD – Por que não concorreu à reeleição?
Daniel – Quando fui indicado vice de Confúcio, ele tinha afirmado que ficaria até o final do mandato. Como concorreu em 2018 ao Senado e se elegeu, optei por assumir a governadoria e não tivemos a preocupação, de se organizar partidária e politicamente para disputar uma eleição, no caso a reeleição ao governo do Estado.
RD – Como avalia a administração do governador Marcos Rocha?
Daniel – Via de regra, quando um administrador público assume a “bola da vez” é a administração anterior. Rocha foi eleito com a biografia do presidente Jair Bolsonaro e, posso garantir, que nunca um governador assumiu um Estado desde o nosso primeiro governador eleito pelo voto direto, Jerônimo Santana, em situação econômico-financeira-política tão boa com Rocha.
RD – Nos dois primeiros anos de governo as críticas foram inúmeras à administração anterior no caso Confúcio-Daniel...
Daniel – Sem fundamento. A narrativa recebeu o Estado em situação desastrosa econômica e financeira não procede. Até 2021 a equipe de sustentação direta ao governo (Planejamento, Procuradoria Geral, Controlador Geral, Licitações e Fazenda) era praticamente a nossa equipe. Se o novo governo chegou para inovar, teria que ter mudado tudo. Ainda hoje temos pessoas, que eram da nossa administração, que estão lá.
RD – Bolsonaro é pré-candidato à reeleição. Ele terá a mesma influência de 2018?
Daniel – Não. Será muito diferente. Os últimos presidentes (Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma) foram reeleitos. Nas eleições deste ano a responsabilidade será somente de Rocha, caso concorra e, assim como Bolsonaro tem os seus problemas.
RD – Quais problemas?
Daniel – A negociação da dívida do Beron, que foi compromisso de campanha de Rocha não ocorreu. Se ocorreu foi negativa. Nem negociações. Apesar de perícia realizada dentro do processo afirmar que o governo federal, quando administrou cometeu erros que deveria assumir nada foi feito. Poderia ter sido proposto o pagamento de parte da dívida. Se concorrer, Rocha terá que colocar o seu CPF na disputa e não o de Bolsonaro.
RD – O que não conseguiu fazer no governo?
Daniel – Assumimos um Estado em condições especiais onde todas as ações, inclusive orçamentárias já estavam definidas. De quatro em quatro anos são fechadas s contas de um governo e isso ocorre no último ano. Tivemos problemas sérios como a greve geral dos caminhoneiros, que tirou da receita orçamentária cerca de R$ 100 milhões. Solucionamos a situação de 706 PMs que estavam na folha do governo federal e voltariam para o Estado. Repetimos: nenhum governador pós-Jerônimo Santana recebeu o Estado equilibrado econômica e financeira como Rocha recebeu.
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