RFI
Publicada em 18/02/2022 às 14h50
O presidente russo, Vladimir Putin, notou nesta sexta-feira (18) uma deterioração da situação no leste da Ucrânia em conflito, onde Kiev e separatistas pró-Rússia se acusam mutuamente de violência. "Observamos um agravamento da situação", disse Putin, após negociações em Moscou com seu colega e aliado bielorrusso, Alexander Lukashenko.
Como um sinal de que a situação continua tensa na região, o líder dos separatistas pró-Rússia de Lugansk, no leste da Ucrânia, ordenou nesta sexta-feira a retirada de civis para a vizinha Rússia, seguindo os passos de Donetsk. Os separatistas acusam Kiev de planejar uma invasão. "Para evitar baixas entre civis, peço aos habitantes da república (...) que partam o mais rápido possível para o território da Federação Russa", disse Leonid Passetchnik, em comunicado à imprensa.
O leste da Ucrânia sofreu novos bombardeios nesta sexta-feira, com o exército ucraniano e separatistas pró-Rússia acusando uns aos outros de usar armas pesadas, um ressurgimento da violência que alimenta o medo de uma invasão russa.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken denunciou "provocações" russas por "agressão". O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, por sua vez, conversou por telefone com seu colega russo Sergei Shoigu, a quem apelou a uma "redução da escalada" das tensões em torno da Ucrânia, consideradas “no auge”.
O chefe do Pentágono também "pediu a desescalada, o retorno das forças russas que cercam a Ucrânia às suas bases e uma solução diplomática" para a crise, especifica um comunicado de imprensa do Departamento de Defesa americano.
De acordo com a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, a Rússia representa "uma ameaça absolutamente inaceitável" à segurança europeia, ao reunir dezenas de milhares de soldados em suas fronteiras com a Ucrânia
“Situação preocupante”
O presidente francês, Emmanuel Macron, alertou que a situação “é muito preocupante”. O chefe de Estado pediu calma e reforçou a importância de negociações construtivas. "Não temos provas da retirada de militares russos nesta fase", acrescentou Macron.
Nesta sexta-feira, o chefe de Estado francês reiterou, em Bruxelas, que espera “o fim de atos militares” que "se multiplicaram" no leste da Ucrânia, onde "a pressão militar russa não está enfraquecendo". "A situação é extremamente preocupante" e fez "várias vítimas aparentemente nas últimas horas", afirmou o presidente francês à imprensa, após a cúpula UE-União Africana. "Esses atos, aos nossos olhos, devem parar, eles violam os acordos que foram feitos de cessar-fogo”, completou Macron.
Líderes da Otan se reúnem por videoconferência
O presidente dos EUA se reúne nesta sexta-feira com seus aliados ocidentais para discutir a crise na Ucrânia. Biden, participa de uma videoconferência sobre a crise na fronteira com vários líderes europeus e canadenses e a Otan, de acordo com fontes europeias.
Participarão do encontro virtual Joe Biden, Justin Trudeau (Canadá), Ursula von der Leyen (Presidente da Comissão Europeia), Charles Michel (Presidente do Conselho da UE), Mario Draghi (Itália), Jens Stoltenberg (Chefe da Otan), Olaf Scholz (Alemanha), Andrzej Duda (Polônia), Klaus Johannis (Romênia), Boris Johnson (Reino Unido) e Emmanuel Macron (França), especificou o Palácio do Eliseu.
Crise é debatida em cúpula de segurança na Alemanha
Durante o seu discurso de abertura da Conferência de Segurança de Munique, que reúne muitos líderes internacionais, o chefe da ONU, Antonio Guterres, disse que seria "catastrófico" se a crise entre a Rússia e a Ucrânia se transformasse em guerra. "Com uma concentração de tropas russas em torno da Ucrânia, estou profundamente preocupado com o aumento da tensão e especulação de um conflito militar na Europa", disse Antonio Guterres. Se isso acontecesse, “seria catastrófico”, alertou, acreditando que “não há alternativa à diplomacia”.
Até o próximo domingo (20), líderes internacionais e diplomatas de alto escalão estarão reunidos em Munique, no sul da Alemanha, para três dias de discussões sobre questões de defesa e segurança. Esta conferência anual ocorre no auge das tensões entre Moscou e o Ocidente, que teme o envio de tropas russas para invadir a Ucrânia.
As reuniões em diferentes formatos vão se suceder em Munique, onde estão presentes a vice-presidente americana, Kamala Harris, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, os principais chefes da diplomacia da UE, o chefe da Otan, Jens Stoltenberg e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Regularmente presente nesta conferência, a Rússia não enviou nenhum representante este ano.
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