AFP
Publicada em 18/03/2022 às 14h57
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, e os demais funcionários do governo poderão promover a partir desta sexta-feira (18) uma polêmica consulta sobre a permanência do presidente no poder até 2024, o que até agora era proibido.
O Senado, dominado pelo partido governista Morena, aprovou na quinta-feira um decreto que estabelece que "as manifestações dos servidores públicos não constituem propaganda do governo".
A reforma modificou, assim, a proibição eleitoral que impedia López Obrador e qualquer outro funcionário do governo de convocar a participação na consulta, que acontecerá em 10 de abril.
"Celebro a aprovação dessa reforma porque tem a ver com democracia (...). O processo de cassação de mandato é um avanço importante para que o cidadão se qualifique e decida se o governante está bem ou não", disse o presidente esta sexta-feira na sua habitual coletiva de imprensa matinal.
O presidente e membros de seu partido já haviam convocado os cidadãos a participar do referendo, apesar da proibição eleitoral, que começou em 4 de fevereiro.
López Obrador, que assumiu o poder em dezembro de 2018, promove essa consulta para que os cidadãos decidam se conclui ou não seu mandato em 2024, quando termina oficialmente seu governo.
Em uma pesquisa realizada no início de março pelo jornal El Financiero, López Obrador registrou 54% de aprovação.
Críticos do presidente apontam que é uma estratégia política para fortalecer sua posição na metade de seu governo.
A consulta também gerou confrontos entre López Obrador e o Instituto Nacional Eleitoral (INE), órgão encarregado de organizá-la.
O INE alertou para fortes cortes orçamentários decididos pela presidência e pelo Legislativo - dominado pelo partido de López Obrador -, o que deixou poucos recursos para a realização da consulta.
O governo descartou destinar-lhe mais verbas e o próprio presidente acusou o INE de ter gastos suntuosos.
Desde que foi prefeito da Cidade do México (2000-2006), López Obrador prometeu submeter seu mandato à opinião popular por meio de consultas.
Como prefeito, realizou uma consulta telefônica na metade de seu governo sobre sua permanência no cargo.
Já como presidente eleito, decidiu suspender o projeto milionário de um novo aeroporto para a Cidade do México em uma consulta duramente criticada por opositores devido a inúmeras irregularidades registradas.
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