AFP
Publicada em 01/04/2022 às 09h05
O Sri Lanka mobilizou as forças de segurança nesta sexta-feira (1) na capital Colombo, depois que manifestantes tentaram atacar a casa do presidente, no momento em que o país enfrenta a pior crise econômica desde sua independência.
O país insular de 22 milhões de habitantes, localizado ao sul da costa da Índia, enfrenta uma grave escassez de produtos essenciais e uma inflação elevada devido à falta de divisas internacionais e uma grande dívida.
A polícia de Colombo anunciou a detenção de 53 pessoas durante os distúrbios, que deixaram um homem ferido em estado crítico. De acordo com organizações de imprensa, cinco fotógrafos foram detidos e torturados em uma delegacia, uma denúncia que o governo prometeu investigar.
Um toque de recolher foi imposto durante a noite de quinta-feira e retirado na manhã desta sexta-feira, mas a presença de policiais e soldados é observada em toda a cidade.
Perto da casa do presidente Gotabaya Rajapaksa, um ônibus incendiado bloqueava uma rua.
O chefe de Estado afirmou que os manifestantes queriam criar uma "primavera árabe", em referência aos protestos contra os governos que abalaram os países árabes há mais de 10 anos em reação à corrupção e estagnação econômica.
"A manifestação de quinta-feira à noite foi organizada por forças estrangeiras que pedem uma primavera árabe para criar instabilidade em nosso país", afirmou o gabinete de Rajapaksa em um breve comunicado.
Durante o protesto, os manifestantes queimaram pneus para criar uma barricada na principal avenida de de Colombo.
Centenas de pessoas seguiram em direção à casa presidencial para pedir a renúncia de Rajapaksa. Dois ônibus militares e um carro da polícia foram incendiados. As forças de segurança dispersaram os manifestantes com gás lacrimogêneo e jatos de água.
De acordo com fontes oficiais, Rajapaksa não estava em casa durante os distúrbios.
Os manifestantes exigem que o presidente e sua família deixem o poder. Três irmãos de Rajapaksa ocupam os cargos de primeiro-ministro e os ministérios das Finança e Agricultura, enquanto um sobrinho está à frente do ministério dos Esportes.
Muitos economistas culpam a má gestão do governo e o endividamento excessivo pela atual crise no Sri Lanka, agravada pela pandemia de covid-19, que abalou o turismo e as remessas do exterior.
Colombo impôs em março de 2020 uma proibição às importações para economizar as moedas estrangeiras necessária para pagar a dívida externa de 51 bilhões de dólares.
Mas isto provocou a escassez de vários produtos essenciais, incluindo combustível, o que levou a distribuidora de energia elétrica estatal a impor cortes de 13 horas diárias a partir de quinta-feira.
Os dados oficiais divulgados nesta sexta-feira mostram que a inflação no país alcançou 18,7% em março, o sexto recorde mensal consecutivo. Os preços dos alimentos registraram alta de 30,1%.
Na quinta-feira não era possível encontrar diesel nos postos de combustível da ilha.
Muitos hospitais públicos cancelaram cirurgias por fala de medicamentos básicos.
O governo afirmou que busca financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) e, ao mesmo tempo, pediu empréstimos adicionais a Índia e China.
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