
AFP
Publicada em 08/04/2022 às 09h14
O Congresso do Peru, dominado pela oposição, aprovou na quinta-feira (7) uma moção não vinculativa pedindo que o presidente de esquerda Pedro Castillo renuncie, num contexto de tensões provocadas por protestos contra os aumentos de preços.
Após mais de uma hora de debates, o plenário aprovou a moção apresentada pelo deputado opositor Rosselli Amuruz, do partido de direita Avanza País, por 61 votos a favor, 43 contra e uma abstenção.
A moção, que é meramente simbólica, foi votada 10 dias depois que opositores radicais de direita no Congresso falharam em sua tentativa de destituir Castillo do cargo em um julgamento relâmpago de impeachment, obtendo apenas 55 votos dos 87 necessários.
As moções de "vacância presidencial" tornaram-se habituais no Peru e causaram a queda dos presidentes Pedro Pablo Kuczynski (de direita) em 2018 e Martín Vízcarra (de centro) em 2020.
Desde dezembro de 2017, o Congresso debateu seis iniciativas desse tipo.
A moção aprovada nesta quinta é apenas uma exortação à renúncia, tendência da maioria parlamentar.
"Isso significa que o documento não é vinculativo e, portanto, não obriga o presidente a renunciar. É um gesto político sem efeito real", destacou o site do jornal La República de Lima.
A tensão vem crescendo no Peru desde segunda-feira, quando moradores indignados com o aumento dos preços dos combustíveis e dos alimentos organizaram protestos em Lima, Ica e outras regiões, os primeiros que Castillo, um professor rural de 52 anos, enfrentou desde que assumiu o poder oito meses atrás.
Em resposta aos protestos, o presidente inesperadamente decretou um toque de recolher diurno na terça-feira em Lima e no porto vizinho de Callao, que juntos possuem 10 milhões de habitantes, quase um terço da população peruana.
O toque de recolher foi repudiado por grandes setores da população e desencadeou novos protestos em Lima exigindo sua renúncia.
Na quarta-feira, um trabalhador rural de 25 anos envolvido no bloqueio da rodovia Panamericana foi morto em confrontos com a polícia em Ica, 300 quilômetros ao sul de Lima, e outras 15 pessoas ficaram feridas.
Os embates entre o Legislativo e o Executivo começaram em 2016 e levaram o Peru a ter três presidentes em cinco dias, em novembro de 2020.
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