G1
Publicada em 23/04/2022 às 08h47
Em 2017, Emmanuel Macron venceu o segundo turno das eleições na França com 66% dos votos. Sua rival naquele ano, Marine Le Pen, reconheceu a derrota pouco depois da divulgação das pesquisas de boca de urna e, antes mesmo de se saber qual era resultado oficial, ela afirmou que iria reconstruir seu partido e prosseguir nas disputas posteriores.
Foi isso que ela fez nos últimos anos e, neste domingo (24), Macron e Le Pen voltam a se enfrentar nas urnas num segundo turno para decidir quem será o presidente da França.
As pesquisas desta sexta-feira (22), último dia que a lei permite divulgação, apontavam que Macron deve ser novamente vitorioso, mas por uma margem menor. Veja abaixo algumas projeções:
Instituto Elabe:
Emmanuel Macron (Em Marcha): 55,5%
Marine Le Pen (Reunião Nacional): 44,5%
Ifop-Fiducial:
Emmanuel Macron (Em Marcha): 55%
Marine Le Pen (Reunião Nacional): 45%
Ipsos:
Emmanuel Macron (Em Marcha): 57%
Marine Le Pen (Reunião Nacional): 43%
A vitória de Macron, porém, não deve ser tratada como uma certeza: nas últimas eleições, em 2017, as pesquisas erraram os resultados em nove pontos percentuais.
Se for vitorioso novamente, Macron vai governar um país dividido, pois uma parte significativa de seus eleitores só votam nele por falta de opção, de acordo uma pesquisa do BVA, ressaltando que 66% querem que ele perca a maioria parlamentar nas eleições legislativas de junho.
Último dia de campanha
Os candidatos não podem fazer campanha na véspera da votação. Na sexta-feira, os dois procuraram eleitores indecisos.
Le Pen fez um evento no norte da França. Lá, ela afirmou que, se o adversário dela vencer, “os franceses estarão condenados à prisão perpétua” —Macron tem um plano para que a idade mínima para se aposentar passe de 62 para 65 anos.
Ela também disse que o seu opositor demonstrou "uma arrogância sem limites” no único debate entre eles, realizado na quarta-feira (20).
“Todo mundo entendeu que Emmanuel Macron não gosta da França e, em especial, daqueles que não concordam com a política dele”, afirmou.
Macron foi ao sudoeste do país, e defendeu a política do enfrentamento da Covid-19 adotada por seu governo.
O presidente afirmou que Le Pen conseguiu "avançar mascarada” durante a campanha, ao exibir uma imagem menos radical em relação a temas tradicionais da ultradireita, como a imigração, e ao se apresentar como a defensora das classes populares, ante o "presidente dos ricos”.
Eleitores de esquerda devem decidir a disputa
O terceiro colocado no primeiro turno, o esquerdista Jean-Luc Mélenchon, teve quase 22% dos votos. Os eleitores dele têm sido cortejados pelos dois candidatos do segundo turno.
O próprio partido de Mélenchon, França Insubmissa, fez uma campanha para saber como seus apoiadores vão votar no segundo turno. A opção do voto nulo ou em branco obteve 37,65% de apoio. Um terço defendeu Macron, e o restante defendeu a abstenção. Votar em Le Pen não foi contemplado.
Nos seus cinco anos de presidência, Macron decepcionou os franceses de esquerda, e a rejeição de sua pessoa é notável nesse segmento —ele havia sido eleito com a promessa de "superar" a divisão entre esquerda e direita.
Entre outros casos, a esquerda critica Macron, que é ex-banqueiro e ex-ministro da Economia, por reduzir o auxílio-moradia e baixar os impostos dos mais ricos.
No entanto, Macron pode gabar-se de ter salvado, pelo menos temporariamente, as empresas e empregos atingidos pela crise da Covid-19 e de ter reduzido o desemprego.
Nos arredores de Paris, a histórica "faixa vermelha" comunista, também é perceptível a amargura dos eleitores de esquerda. Muitos moradores não têm certeza sobre votar em Macron, como fizeram em massa em 2017.
Há mais de uma década, Le Pen suaviza seu discurso para ofuscar o que seu pai Jean-Marie Le Pen, fundador do Agrupamento Nacional, construiu com discursos antissemitas e racistas.
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