AFP
Publicada em 03/05/2022 às 14h37
O consulado dos Estados Unidos em Cuba começou a emitir vistos a conta-gotas nesta terça-feira (3), após quatro anos de suspensão por supostos ataques sônicos contra funcionários da sede diplomática e em um momento de migração massiva na ilha, em sua pior crise econômica em três décadas.
"Bem-vindos à embaixada (dos Estados Unidos) depois de tanto tempo!", disse uma funcionária cubana ao pequeno grupo que aguardava em uma praça próxima à legação, na capital Havana.
Segundo a funcionária, poucos horários foram agendados para esta terça-feira.
A reabertura do consulado, de forma "limitada" e "gradual", foi anunciada em 3 de março por Timothy Zúñiga-Brown, encarregado de negócios da embaixada americana, sem dar uma data precisa.
"Esperamos que tudo corra bem. Estou há três anos esperando para rever minha filha, que já está me cobrando. Não a vejo há sete anos", explicou um homem que aguardava os trâmites e pediu para não ser identificado.
O consulado fechou em setembro de 2017, logo depois que o governo do republicano Donald Trump (2017-2021) denunciou misteriosos incidentes, descritos como ataques sônicos, que teriam afetado a saúde dos diplomatas americanos, o que Havana nega.
Desde então, os cubanos se viram obrigados a viajar a um terceiro país, como Colômbia e Guiana, para solicitar o visto para os Estados Unidos.
A reabertura do consulado em Havana ocorre após a retomada em abril das negociações sobre migração entre Cuba e Estados Unidos, interrompidas desde 2018. O governo cubano reivindica os 20 mil vistos anuais que Washington seu comprometeu a emitir.
Cuba enfrenta sua pior crise econômica devido aos efeitos da pandemia de covid-19 e das sanções americanas. Muitos cubanos tentam migrar, especialmente através da América Central, para chegar à fronteira americana, mas também por mar.
Segundo o departamento responsável pela imigração e alfândega dos Estados Unidos, de outubro de 2021 a março de 2022, mais de 78 mil cubanos ingressaram no país através da fronteira com o México.
Cientes da reabertura da representação diplomática, alguns cubanos recorreram ao consulado para solicitar um visto, mesmo que sem horário marcado.
Elsa Meneses, de 81 anos, chegou em um andador junto com sua filha Odalys Guerrero, em busca de um "visto humanitário" para sepultar seu filho, um cidadão americano que morreu de câncer nos Estados Unidos.
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