Waldir Costa / Rondoniadinamica
Publicada em 28/05/2022 às 10h16
A proximidade das convenções partidárias (20, de julho a 5 de agosto) quando serão escolhidos os candidatos aos inúmeros cargos políticos, que estarão em disputa nas eleições de outubro próximo fomenta os bastidores. Exemplo maior é a “guerra” dos Marcos (Rocha e Rogério) na disputa pelo governo do Estado, que acabou atingindo o ex-governador Confúcio Moura (MDB), hoje senador, que nunca foi de embate, porque é um conciliador em potencial, a “abrir o verbo”.
O governador Marcos Rocha (União Brasil) é pré-candidato à reeleição. Desde as eleições de 2018, quando se elegeu, até de forma surpreendente, governador, e não há como negar, que foi favorecido pelo efeito Bolsonaro, assim como tantos outros, que Rocha demonstrou ser uma pessoa ponderada, um conciliador, moderador, jamais agressivo.
Ocorre que, nos últimos dias com a realização da 9ª Rondônia Rural Show, que depois de dois anos, devido a pandemia retorna como a maior e mais importante feira de negócios da região Norte, com destaque para o agronegócio e a tecnologia, que está sendo encerrada hoje, em Ji-Paraná, após uma semana ativa, Rocha resolveu “cutucar” o governo anterior (Confúcio Moura-Daniel Pereira)
Segundo Rocha, quando ele assumiu em janeiro de 2019, havia um rombo nos cofres do governo do Estado em torno de R$ 400 milhões, no pagamento da folha dos servidores. Confúcio, que sempre foi muito ponderado e conciliador, mas tinhoso, ardiloso, articulador e com propostas políticas-administrativas ousadas, futuristas resolveu “soltar o verbo”.
Segundo Confúcio, o governador Marcos Rocha vem repetindo a frase, que assumiu o governo “com sérios problemas financeiros e um déficit de R$ 426 milhões para pagar a folha dos servidores públicos”. Para o senador, isso não é verdade e adiantou: “não me calarei mais diante de ofensas agressivas, falta de traquejo, descortesia e despolidez sem tamanho”.
A cúpula do MDB de Rondônia, partido comandado por Confúcio tentou em várias oportunidades compor com lideranças políticas de outros partidos uma chapa majoritária em condições de concorrer às eleições deste ano. Parceria com o deputado federal e presidente regional do Podemos, Léo Moraes foi uma delas. Não deu certo.
Também se comentou na possibilidade de composição com o senador Marcos Rogério, hoje presidente regional do PL visando as eleições a governador. Rogério é pré-candidato declarado. A parceria não teve solução de continuidade.
Hoje, estamos a pouco mais de dois meses das convenções estaduais e o MDB, não tem candidato e nem articulações, ao menos públicas, visando as eleições majoritárias de outubro. Confúcio, inclusive, usou as redes sociais recentemente, para anunciar, que não seria candidato a nenhum cargo eletivo este ano.
Como já dizia o saudoso e competente Magalhães Pinto, ex-governador de Minas Gerais e político com passado brilhante, que “Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”, tudo continua “como dantes no Quartel de Abrantes”.
A repentina reação agressiva de Confúcio, o que não é de sua índole política, sinaliza que tem algo atrás da cortina. O recado do senador seria de a possibilidade de uma pré-candidatura a governador, pois ele não tem nada a perder e o seu partido, só a ganhar.
Confúcio tem mais quatro anos de mandato pela frente no Senado. Não tem a necessidade de renunciar e muito menos se licenciar do cargo para concorrer a governador. Se ganhar, renunciará e assumirá o cargo, que ocupou em dois mandatos seguidos. Se perder, continua o seu mandato no Senado. A posição dele é muito cômoda, o partido se fortaleceria e com enormes possibilidades de governar Rondônia, mais uma vez.
Também não estaria descartada uma parceria com o Solidariedade, que está flertando o PT, mas o martelo não foi batido para uma composição. O Solidariedade é presidido no Estado pelo ex-governador Daniel Pereira, que era vice de Confúcio e assumiu durante nove meses, porque Confúcio renunciou para concorrer ao Senado, e se elegeu.
As provocações do governador Marcos Rocha a Confúcio, a disputa interna junto ao eleitorado evangélico, que é maioria em Rondônia com o senador Marcos Rogério favorece o emedebista, que, pela reação agressiva contra Rocha, demonstra que deram a ele a “chave” que precisava para abrir uma pré-campanha a governador e, provavelmente com Pereira de vice.
Até a reação de Confúcio, a “guerra” nos bastidores era entre os dois Marcos (Rocha e Rogério), mas pelos indicativos Confúcio vem aí para provocar um “racha” entre os dois e, como sempre levando vantagens na busca do espaço eleitoral. É realmente um mestre na arte de fazer política.
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