AFP
Publicada em 30/05/2022 às 09h01
Embaixadores dos países da União Europeia (UE) realizam nesta segunda-feira (30) um esforço de última hora para persuadir a Hungria a aceitar um embargo ao petróleo russo, poucas horas antes de uma cúpula que pode expor as rachaduras no bloco.
A proposta de embargo ao petróleo da Rússia faz parte do sexto pacote de sanções da UE, mas enfrenta oposição da Hungria, que justifica sua posição alegando que tal medida representaria uma ameaça à sua segurança energética.
Os embaixadores da UE realizaram em Bruxelas uma reunião excepcional no domingo para tentar abrir caminho para um acordo que permitiria a aprovação do sexto pacote de sanções contra a Rússia e, na ausência de consenso, a reunião continua nesta segunda-feira.
A partir da tarde, os líderes europeus devem iniciar uma cúpula de dois dias na capital belga para discutir maneiras de ajudar a Ucrânia diante da invasão russa e como aumentar os gastos de defesa.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, planeja participar da reunião com seus colegas europeus por videoconferência.
Nesse cenário, a questão do sexto pacote de sanções e o embargo de petróleo proposto é, como disse um diplomata da UE, "o elefante na sala".
Diante da enorme dificuldade de chegar a um consenso, a UE quer evitar a todo o custo mostrar as suas divisões internas e, por isso, procura uma saída.
- Tensões -
A Hungria, um país sem saída para o mar, importa 65% do petróleo que consome da Rússia através do oleoduto Druzhba e, junto com a Eslováquia e a República Tcheca, solicitaram uma exceção à proibição de importação.
Diplomatas disseram que os países em questão receberam um adiamento de dois anos para o embargo, mas que Budapeste quer pelo menos quatro anos e quase 800 milhões de euros em fundos europeus para modernizar suas refinarias.
Um funcionário da UE disse à AFP que a mais recente solução de compromisso excluiria o oleoduto Druzhba do embargo "por enquanto" e apenas imporia sanções ao petróleo enviado à UE por meio de petroleiros.
Impulsionado por sua recente reeleição, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, chegou a enviar uma carta ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, expressando explicitamente seu desejo de que a questão do embargo do petróleo fosse discutida na cúpula.
Além disso, a UE ainda não aprovou o plano de recuperação pós-pandemia húngaro, devido às diferenças entre Bruxelas e Budapeste sobre a democracia e o Estado de direito naquele país.
Ainda na esperança de encontrar uma solução, os funcionários da UE tentam insistir que o problema é técnico e não sobre as diferenças políticas entre Orban e seus parceiros da UE.
Mas um diplomata da UE alertou que os ânimos estavam sendo testados por suspeitas de que os negociadores estavam indo longe demais em seus esforços para aplacar Orban.
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