AFP
Publicada em 02/06/2022 às 14h51
A União Europeia (UE) conseguiu derrubar, nesta quinta-feira (2), o último obstáculo que restava para aprovar seu sexto pacote de restrições contra a Rússia, ao retirar o líder da Igreja Ortodoxa Russa, o patriarca Kirill, da lista de sancionados, como exigia a Hungria.
Os documentos finais com os detalhes do sexto pacote de sanções ainda precisam da aprovação por escrito dos países do bloco para que possam ser publicados no diário oficial da UE na sexta-feira (3).
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, escreveu no Twitter que "outro forte pacote de sanções foi acordado [...] contra [o presidente russo Vladimir] Putin e o Kremlin".
Este sexto pacote de sanções é o mais ambicioso até agora e também o que gerou mais problemas para que negociadores e diplomatas chegassem a um consenso.
A proposta original incluía um embargo total às compras europeias de petróleo russo, a ampliação da lista de pessoas e de entidades sob sanção, o veto às transmissões de três redes russas de TV no espaço da UE e a retirada de bancos da rede Swift.
Após duras negociações que se arrastraram por um mês, uma cúpula de líderes europeus chegou a um acordo político, na última segunda-feira (30), para a adoção do embargo ao petróleo russo que chega à UE por via marítima.
O plano exclui, no entanto, o petróleo que chega por oleodutos, em um entendimento cuidadosamente alinhavado para proteger a Hungria. Esta última vetava a totalidade do acordo por temer os efeitos do mesmo para sua segurança energética.
- Novo obstáculo -
Quando os representantes permanentes do bloco se reuniram na quarta-feira (1º) para refinar os detalhes dos documentos finais, a Hungria lembrou que ainda faltava retirar Kirill da lista negativa de indivíduos russos e, por isso, todo pacote voltou a ficar em suspenso.
Kirill, de 75 anos, é considerado um apoio fundamental de Putin e, nesse sentido, a Comissão Europeia havia proposto a inclusão de seu nome na lista de pessoas sob veto de entrada no território do bloco e com eventuais ativos congelados.
Depois de novas e tensas conversas, os representantes dos países da UE voltaram a se reunir com urgência e aceitaram a exigência húngara de retirar o líder religioso da proposta de sanções.
De acordo com uma fonte diplomática, houve "frustração e decepção" com a postura húngara, mas prevaleceu a ideia de que o fundamental era manter a unidade e conseguir a aprovação e a implementação das medidas.
Um diplomata comentou que, como resultado do novo acordo alcançado hoje, "uma pessoa já não está na lista de sancionados. Vemos boas razões para que estivesse, mas um país do bloco tem uma visão diferente".
De acordo com essa mesma fonte, "acima de tudo, estamos muito satisfeitos por termos alcançado um acordo unânime sobre um pacote bastante complexo".
Outra fonte diplomática garantiu que a retirada do patriarca Kirill da lista é "a única modificação" estabelecida em relação à proposta original.
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