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Publicada em 04/06/2022 às 09h52
O massacre da Praça da Paz Celestial completa 33 anos neste sábado (04/06), entre o silêncio habitual em Pequim e a proibição em Hong Kong da tradicional vigília comemorativa.
A China impediu qualquer tipo de celebração, impondo um reforço nas medidas de segurança em Pequim e advertências policiais contra reuniões em Hong Kong.
As autoridades comunistas fazem há mais de três décadas o possível para suprimir todas as memórias do ocorrido. Os livros de história não o mencionam e os comentários nas redes sociais sobre o assunto são censurados sistematicamente.
Na capital chinesa, a Praça da Paz Celestial amanheceu neste sábado sob um forte esquema de segurança, com dispositivos de reconhecimento facial nas ruas próximas e controles aleatórios dos passantes.
Hong Kong
Pelo terceiro ano consecutivo, os habitantes de Hong Kong não puderam se reunir no Victoria Park – que amanheceu completamente isolado – onde costumava ser realizada a maior comemoração do mundo deste evento histórico.
A presença policial ao redor do lugar já era visível desde a noite de sexta-feira, quando suas principais áreas foram interditadas até domingo, para impedir reuniões não autorizadas.
A forte presença da polícia incluiu saídas de metrô, ruas ao redor e o entorno de um conhecido shopping center próximo ao parque.
Os agentes de segurança checavam na manhã deste sábado a identificação de transeuntes e pediram às pessoas que tiravam fotos do lado de fora para deixarem o local.
Naquele 1989, muitas pessoas na então colônia britânica de Hong Kong apoiaram o movimento de protesto desencadeado em Pequim e, por 30 anos ininterruptos, realizaram uma vigília à luz de velas no parque, para homenagear as vítimas da sangrenta repressão e pedir mecanismos democráticos na China.
Mesmo após a entrega da soberania ao país asiático em 1997, Hong Kong ainda conseguiu sediar o evento histórico em virtude de seu status semiautônomo que o distingue do resto da China continental.
Todos os anos, milhares de pessoas participavam da vigília, até que em 2020 e 2021 a polícia de Hong Kong a proibiu, citando a pandemia como pretexto, algo que não impediu que alguns ativistas desafiassem o veto e aparecessem no parque, sendo posteriormente presos.
"Preocupações sanitárias"
Este ano, a polícia de Hong Kong invocou mais uma vez "preocupações sanitárias" em relação à covid-19 para cancelar o evento, mas também enfatizou que "algumas pessoas têm usado as redes sociais para espalhar discurso de ódio contra o governo" e "incitar as pessoas a virem o parque para participar de reuniões não autorizadas.
Desde quinta-feira, o órgão vem alertando a população para não ultrapassar "limites” sob o risco de infringir a lei.
Além disso, pela primeira vez desde 1990, nenhuma organização de Hong Kong pediu às autoridades que autorizassem o evento comemorativo: o grupo civil que o convocava todos os anos foi dissolvido por pressão das autoridades, e muitos de seus membros estão presos por diferentes motivos.
E as igrejas católicas da cidade também tomaram a decisão sem precedentes de não celebrar sua missa anual pelas vítimas do massacre.
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