Agência Brasil
Publicada em 22/06/2022 às 08h25
A disparada dos preços dos alimentos levou a inflação anual ao consumidor no Reino Unido a um recorde de 40 anos - 9,1% no mês passado, a maior taxa do Grupo dos Sete - e que destaca a gravidade da crise do custo de vida no país.
O índice subiu de 9,0% em abril e ficou em linha com pesquisa da Reuters junto a economistas. Registros da Agência de Estatísticas Nacionais mostram que a inflação de maio foi a mais alta desde março de 1982 - e é provável que venha a piorar.
A libra, uma das moedas mais fracas em relação ao dólar este ano, foi abaixo de 1,22 dólar, queda de 0,6% no dia, antes de se recuperar mais tarde.
Alguns investidores consideram que o Reino Unido está em risco tanto de inflação persistentemente alta quanto de recessão, o que reflete a grande conta de energia importada e atritos contínuos relacionados ao Brexit, que podem prejudicar ainda mais os laços comerciais com a União Europeia.
"Com as perspectivas econômicas tão pouco claras, ninguém sabe até onde a inflação pode ir e por quanto tempo ela continuará, tornando os julgamentos de política fiscal e monetária particularmente duros", disse Jack Leslie, economista sênior da Resolution Foundation.
Nesta quarta-feira (22), a Resolution Foundation disse que o impacto do custo de vida para as famílias está sendo agravado pelo Brexit, com implicações prejudiciais a longo prazo para a produtividade e salários.
O salário médio não está acompanhando a inflação e sindicatos têm alertado sobre greves generalizadas nos próximos meses.
A taxa de inflação no Reino Unido em maio foi maior do que nos Estados Unidos, França, Alemanha e Itália. Japão e Canadá ainda não informaram os dados para maio, mas nenhum deles deve chegar perto.
O Banco da Inglaterra disse na semana passada que a inflação provavelmente permanecerá acima de 9% nos próximos meses até atingir um pico ligeiramente acima de 11% em outubro, quando as contas de energia deverão subir novamente.
Os mercados financeiros mostram que os juros no Reino Unidos devem ir acima de 3% por volta do fim do ano - estão em 1,25% atualmente -, embora a maioria dos economistas acredite que o fraco crescimento econômico levará o banco central a aumentar os juros menos do que isso.
Os preços dos alimentos e bebidas não-alcoólicas aumentaram 8,7% em termos anuais em maio - o maior salto desde março de 2009, o que tornou esta categoria o principal motor da inflação anual no mês passado.
O núcleo da inflação anual - que elimina os preços dos alimentos e da energia para dar uma ideia da pressão de custos gerada internamente - caiu pela primeira vez desde setembro para 5,9% de 6,2%, uma leitura inferior ao esperado.
"O Banco da Inglaterra pode realmente ter alguma esperança com o fato de que as pressões do núcleo dos preços estão diminuindo; (mas) duvidamos que isso será suficiente para evitar novos aumentos dos juros nos próximos meses", disse Sandra Horsfield, economista da Investec.
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