RFI
Publicada em 02/07/2022 às 09h12
O caos aéreo que afeta vários aeroportos europeus se amplifica na França. Cerca de 20% dos voos são cancelados no principal aeroporto do país, o Roissy-Charles de Gaulle, em Paris, neste sábado (2), uma situação que deve perdurar no domingo (3). Os trechos mais atingidos são os europeus.
O transtorno acontece em consequência da falta de pessoal – que abala os principais aeroportos da Europa desde o retorno do tráfego aéreo pós-pandemia – e de um movimento social de protesto dos funcionários contra as condições de trabalho e por aumento salarial, em decorrência da inflação alta.
Até os bombeiros que operam no local juntaram-se a outros colaboradores do Grupo Aeroportos de Paris (ADP), em um movimento intersindical e interprofissional. A paralisação de parte dos bombeiros a partir de quinta-feira (30) obrigou a Direção-Geral de Aviação Civil a solicitar o cancelamento preventivo de voos, já que algumas pistas tiveram de ser fechadas por razões de segurança.
"O movimento continua entre os bombeiros", que estão "insatisfeitos com as propostas da gestão" sobre a sua escala salarial, declarou sexta-feira à AFP Daniel Bertone, secretário-geral da CGT do Grupo ADP, gestor dos Aeroportos de Paris.
Um em cada cinco voos com partida ou chegada prevista entre as 7h e as 14h deste sábado foi cancelado. Na véspera, um voo em cada seis voos foi atingido, de um total de 1,3 mil previstos em Roissy nesta sexta-feira. Milhares de passageiros tiveram de deixar o local sem suas bagagens, uma consequência da perturbação dos serviços.
As negociações entre sindicatos e a direção continuam: uma proposta de elevação de 4% dos salários foi recusada pelos sindicatos das categorias paralisadas, que exigem 6%, com efeito retroativo a partir de 1º de janeiro. As negociações de sexta-feira diziam respeito aos salários dentro do ADP, controlado majoritariamente pelo Estado francês.
Se o diálogo não avançar, as organizações sindicais prometem ampliar o movimento no fim de semana que vem, que marca o início das férias verão no país. O aeroporto de Orly, no sul de Paris, está menos afetado, até o momento.
Precaução
Além dos cancelamentos, a greve, que afetou em particular os postos de inspeção e manutenção, resultou em "alguns atrasos" na sexta-feira, segundo a ADP.
A exemplo dos dois dias anteriores, a Air France anunciou no sábado o cancelamento de cerca de 10% dos seus voos de curta e média distância. Os voos de longo curso não serão afetados.
Nos aeroportos de Ile-de-France – região da capital, Paris –, a ADP convida os passageiros a chegarem "três horas (antes do voo) para um voo internacional" e "duas horas para um voo doméstico ou europeu".
Na sexta-feira, a porta-voz do governo, Olivia Grégoire, disse que o Estado vai “continuar a dialogar com os sindicatos para encontrar uma saída para a crise”. "A ideia de que nossos compatriotas não poderão sair de férias é inviável", acrescentou.
No dia anterior, associações de operadores de turismo avaliaram que as perturbações nos aeroportos nas últimas semanas "levantam temores de ‘o pior’ acontecer nas férias e viagens de homens e mulheres franceses".
O Eurocontrol, órgão de monitoramento do tráfego aéreo na Europa, espera que a circulação poderá retornar em agosto a até 95% do nível de 2019, antes da crise sanitária que fez o número de voos despencar em 2020.
No entanto, o verão promete ser muito difícil para o setor, que luta para recuperar sua eficiência operacional após a pandemia e enfrenta muitos movimentos sociais nas companhias aéreas e instalações aeroportuárias.
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