AFP
Publicada em 11/07/2022 às 14h33
A Ucrânia afirmou nesta segunda-feira (11) que as forças russas preparam uma ofensiva em grande escala na região leste do país, onde novos bombardeios deixaram três mortos em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana.
O governador regional da cidade, Oleg Synyegubov, disse que os ataques russos tiveram como alvos "edifícios civis - um centro comercial e condomínios residenciais".
"Trinta e uma pessoas foram hospitalizadas, incluindo uma criança de quatro anos e um jovem de 16. As vítimas foram feridas principalmente por estilhaços. Três pessoas morreram", afirmou.
Este ataque, nas primeira horas da manhã, foi o mais recente de uma série de bombardeios russos no leste da Ucrânia.
Os serviços de socorro informaram nesta segunda-feira que 26 pessoas morreram no fim de semana em bombardeios russos contra um condomínio residencial em Chasiv Yar, na região de Donetsk.
© Laurence SAUBADUEvolução das reservas de gás na Europa em 9 de julho, comparação anual desde 2018.
No total, 26 pessoas foram retiradas dos escombros desde o início dos trabalhos de resgate, e nove pessoas foram salvas", indicou o serviço local de situações de emergência. Não foi informado quantas pessoas ainda estavam sob os escombros.
- Matar de "forma deliberada" -
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, prometeu em seu discurso diário que os autores seriam levados à Justiça.
"Todos os que ordenaram os ataques alvejando nossas cidades e zonas residenciais matam de foram deliberada", disse.
O porta-voz do Ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, afirmou nesta segunda-feira que "mais de 300" combatentes ucranianos morreram um um bombardeio russo próximo a Chasiv Yar, mas não informou a data do ataque.
O exército russo, que no início do mês anunciou a tomada da região de Lugansk, agora busca conquistar Donetsk, o que lhe permitiria controlar toda a bacia de mineração do Donbass.
Ainda que o Donbass esteja sob um persistente bombardeio, houve uma trégua na ofensiva terrestre russa, segundo o Estado-Maior ucraniano. No entanto, o órgão advertiu que os russos estão possivelmente planejando um dos mais massivos ataques realizados até agora contra a região de Donetsk.
"Há indícios de que as unidades inimigas planejam intensificar as operações de combate em direção a Kramatorsk e Bakhmut", indicou o Estado-Maior, referindo-se às duas cidades ainda sob controle ucraniano.
Moscou está avançando de maneira lenta e firme no leste da Ucrânia, apesar da feroz resistência de combatentes locais.
Nesta segunda-feira, a Rússia anunciou que facilitará o acesso à nacionalidade russa a todos os ucranianos, ampliando uma medida que até o momento se aplicava somente aos territórios da Ucrânia ocupados por suas forças, segundo um decreto assinado pelo presidente Vladimir Putin.
- "Nenhum lugar é seguro" -
Segundo o secretário do Conselho de Segurança Nacional e de Defesa ucraniano, Oleksiy Danilov, a chegada de armas do Ocidente - especialmente de artilharia de longo alcance e grande precisão - "já está mudando o curso da guerra".
Observadores do conflito mencionaram ataques de longa distância contra bases russas e depósitos de armas a dezenas de quilômetros da linha de frente.
Ainda assim, a maioria dos ucranianos vivem com medo permanente dos ataques russos.
Em Bucha, nos arredores de Kiev, Maxim, designer digital de 36 anos, estava sentado à mesa com sua família no quintal de sua casa, invadida três meses antes por soldados russos.
"Parece que não aconteceu nada e que a vida está normal. Mas sabemos que há uma guerra e que nenhum lugar é seguro na Ucrânia", afirmou.
- Preocupação com o gás -
No Europa, no entanto, os temores estão relacionados com o fornecimento de gás.
O grupo russo Gazprom iniciou nesta segunda-feira as obras de manutenção no gasoduto Nord Stream 1, que transporta grande parte do gás que ainda fornece para a Alemanha e outros países do oeste da Europa.
Como forma de advertência, a Gazprom reduziu nesta segunda-feira o fornecimento de gás para Itália e Áustria, sem informar se a decisão está diretamente relacionada às obras no Nord Stream 1.
"Há vários cenários em que poderíamos entrar em uma situação de emergência", alertou o presidente da Agência Federal de Redes da Alemanha, Klaus Müller, em entrevista ao canal ZDF.
A Rússia, alegando um problema técnico, reduziu nas últimas semanas 60% do fornecimento de gás através do Nord Stream, uma decisão denunciada como "política" por Berlim.
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