Rondoniadinamica
Publicada em 16/07/2022 às 09h14
Porto Velho, RO – Em determinada cena de The Dark Knight (2008), filme de Christopher Nolan, Batman (Christian Bale) consegue prender o Coringa (Heath Ledger) com uma corda, amarrado pelos pés, mas de pontacabeça, vez que o antagonista “mergulhou” do topo de um “esqueleto” predial.
A partir dali, o vilão da trama estava definitivamente dominado. Entretanto, o diretor do longa, sabiamente, passa a girar a câmera lentamente enquanto o criminoso dá gargalhadas da própria desgraça. Com os 180º completos, Coringa, ainda sustentado pelos pés, encerra o contexto em cima da tela enquanto o “mocinho” vai para baixo.
Nolan, de maneira genial, optou pelo giro para demonstrar como coadjuvante vê o mundo, independente das circustâncias, não importando a posição.
É sempre de cima para baixo. Ponto.
REVEJA:
E essa é a relação exclusiva e pontual com o senador de Rondônia Marcos Rogério, do PL. Deixando claro: o político não é vilão, nem criminoso nem antagonista e muito menos coadjuvante. E na política, de modo geral, também não existem heróis.
São só pessoas com qualidades e defeitos como todas as demais que as elegem.
Agora, a relação específica da cena com o modo adotado por Marcos Rogério para se ver no tabuleiro e o jeito com o qual lida com adversários, novos aliados e ex-companheiros, é sintomática.
É perceptível que o congresssista conservador se coloca numa posição narcisista, sem autocrítica, se autoproclamando a melhor autoridade possível, e, nas contendas, incluindo as internas, entre “amigos”, é invariavelemnte a vítima – de acordo com suas próprias percepções.
A despeito de Rogério ter ido, segundo o site de notícias Rondoniaovivo, no encontro do PSD em Cacoal e dito com todas as letras (não negou em momento algum depois da veiculação) que “seu candidato ao Senado Federal é Expedito Júnior”, menos de um mês depois lançou oficialmente o pecuarista Jaime Bagattoli à função.
É do jogo, faz parte. O que não faz parte, ou pelo menos não deveria fazer, é essa interpretação “freestyle” que o presidente regional da sigla faz dos fatos.
“Essa situação do Senado já vinha conversando com o próprio Expedito há muito tempo. Se ouvir as entrevistas antigas, eu sempre dizia que o nome do ex-senador Expedito Júnior era um nome que poderia ser lançado ao Senado, mas que estamos conversando com outras forças políticas. Sempre disse que essa situação passaria pelo crivo do PL nacional e o nome seria anunciado no momento certo. Então, eu respeitei essa situação. Se você perguntar ao Expedito, e se ele for correto, ele vai dizer que essa ideia [...]”, disse ele ao Extra de Rondônia.
Em seguida, aproveitou para ironizar Hildon Chaves, prefeito de Porto Velho, acusando-o de abandonar o projeto envolto à sua postulação por dinheiro.
“[...] primeiramente, quem propôs, foi ele mesmo lá atrás, quando Hildon (prefeito de Porto Velho) abandonou nosso projeto para apoiar Marcos Rocha em razão do dinheiro que ele deu para à capital. Mas, respeito a posição do Hildon. Cada um faz a escolha que considera adequada no momento. Que seja feliz lá. Mas eu serei um governador que olha para os 52 municípios durante os quatro anos. Mas hoje o nome do PL ao senado Federal é do empresário vilhenense Jaime Bagattoli. Contudo, se o PSD entender que deve lançar Expedito Júnior ao Senado, é uma decisão deles”.
No texto, inclusive, o membro da Câmara Alta “tirou o pé do acelerador” em relação ao atual mandatário do Palácio Rio Madeira, provavelmente com receio de intervenção da Justiça Eleitoral.
“O Governo do Estado ficou esse tempo trabalhando como se fosse banco: só arrecadando, sem planejamento, sem projetos, sem gestão. Chegou no final do governo e não tinham o que fazer com o dinheiro. Aí, pega esse dinheiro todo, chama os prefeitos e se autointitula ‘governador municipalista’. Ele é sim um governador irresponsável, que não planejou o Estado e que, o final, nunca conversou e dialogou com os prefeitos. Não sou contra ajudar prefeitos, até porque sou um senador municipalista. Mas o governador não pode apenas dizer que é municipalista se não fez o dever de casa”.
A passagem destoa às ofensivas anteriores, onde o pré-candidato acusava o governador de fazer caixa com dinheiro da União destinado ao combate à pandemia para fazer campanha em 2022.
Nessa história sem provas, baseada exclusivamente em narrativas, que ironicamente ele costuma rechaçar, debochar e repudiar nas redes sociais, essa “compra” envolveria os 52 prefeitos do estado. Isto, já que a acusação era feita reiteradamente de maneira genérica sem dados, informações palpápeis, documentos, enfim, sem qualquer respaldo fático que encontrasse o mínimo de ressonância com a realidade.
Razoável, então, perceber que se ele mesmo deu o primeiro passo na “guerra judicial eleitoral” para frear a pesquisa nacional inaugural sobre a sucessão em Rondônia, seus alvos também recorrerão ao mesmo expediente – lícito e moral – a fim de refrear eventuais excessos retóricos.
E assim segue a câmera que mostra Marcos Rogério no filme sem vilões ou mocinhos onde ele mesmo é o espectador: girando, o posicionando num local privilegiado em comparação a qualquer outro mortal comum, com visão sempre de cima para baixo.
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2022/07/marcos-rogerio-ameniza-criticas-contra-rocha-joga-traicao-no-colo-de-expedito-e-diz-que-hildon-o-abandonou-por-dinheiro,136790.shtml