AFP
Publicada em 19/07/2022 às 09h07
Um político veterano apoiado pelo partido do presidente deposto do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, é o favorito para substituí-lo, após a nomeação na terça-feira de três candidatos para assumir as rédeas deste país atolado há meses em uma grave crise econômica e política.
Ranil Wickremesinghe, de 73 anos, passou de primeiro-ministro a presidente interino depois que Rajapaksa renunciou, mas é rejeitado pelos manifestantes, que forçaram seu antecessor a deixar o cargo.
Wickremesinghe tem o apoio formal do SLPP, partido de Rajapaksa, o maior bloco do Parlamento de 225 cadeiras que elegerá o presidente na quarta-feira em votação secreta.
Seu principal oponente será o dissidente do SLPP e ex-ministro da Educação Dullas Alahapperuma, que conta com o apoio da oposição. O terceiro candidato é o líder esquerdista Anura Dissanayake.
O ex-chefe do Exército, Sarath Fonseka, não conseguiu obter o apoio dos deputados para entrar na disputa pela presidência.
O presidente eleito pelo Parlamento na quarta-feira completará o mandato de Rajapaksa, que termina em novembro de 2024.
A ilha, localizada ao sul da Índia e com 22 milhões de habitantes, está ficando sem combustível e enfrenta escassez de produtos básicos por não ter divisas para financiar as importações.
A grave crise econômica levou o Sri Lanka a deixa de pagar em abril sua dívida externa de 51 bilhões de dólares, e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
- O candidato de Rajapaksa -
Os três candidatos foram designados oficialmente pelos deputados durante uma sessão que durou menos de 10 minutos no edifício do Parlamento, que estava sob estrita vigilância.
Pouco antes do anúncio, o principal líder da oposição, Sajith Premadasa, retirou sua candidatura em favor de Alahapperuma, um dissidente do partido no poder.
Um parlamentar do partido de oposição SJB disse à AFP que os dois homens chegaram a um acordo na noite de segunda-feira para Premadasa assumir o cargo de primeiro-ministro caso Alahapperuma seja eleito presidente na quarta-feira.
Após meses de protestos pela pior crise econômica e política da história do Sri Lanka, manifestantes invadiram o palácio de Rajapaksa em 9 de julho, forçando-o a fugir para as Maldivas. Na semana passada ele se refugiou em Singapura, de onde apresentou sua renúncia.
Seu sucessor interino Wickremesinghe, que foi primeiro-ministro seis vezes, renovou o estado de emergência do país na segunda-feira antes da votação parlamentar de quarta-feira.
Os manifestantes, que tiraram Rajapaksa do poder, planejam outro protesto na capital nesta terça-feira para exigir também a renúncia de Wickremesinghe. Eles o consideram um aliado e protetor do clã Rajapaksa, que dominou a política do país por vários anos. Gotabaya Rajapaksa foi o primeiro chefe de Estado a renunciar desde que seu país optou por um regime presidencial em 1978.
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