AFP
Publicada em 22/07/2022 às 10h03
As forças policiais do Sri Lanka recuperaram o último prédio público ocupado por manifestantes antigoverno em Colombo nesta sexta-feira (22), em uma operação violenta que despertou preocupação na comunidade internacional.
Centenas de policiais e soldados do Sri Lanka destruíram o principal acampamento de protesto na capital, expulsando ativistas várias horas depois que o novo presidente, Ranil Wickremesinghe, 73, foi empossado.
Equipados com material antidistúrbios, a polícia e os militares removeram as barricadas que bloqueavam a entrada principal do palácio presidencial, parcialmente invadido por manifestantes no início de julho.
Ativistas da campanha contra o ex-presidente Gotabaya Rajapaksa ocupam esta área desde 9 de julho, quando invadiram o palácio presidencial e o forçaram a fugir do país e renunciar.
"Nove pessoas foram presas", das quais "duas ficaram feridas" durante a operação de despejo, informou a polícia em comunicado.
Segundo testemunhas, os militares detiveram várias pessoas e destruíram as barracas montadas ao longo da avenida que conduz ao palácio, enquanto a polícia bloqueava as ruas adjacentes para impedir a chegada de novos manifestantes.
Soldados também foram vistos atacando civis, incluindo jornalistas, com cassetetes enquanto avançavam em direção a grupos de manifestantes reunidos no local.
A embaixadora dos EUA em Colombo, Julie Chung, expressou sua "profunda preocupação" com esta operação militar. "Pedimos às autoridades que tenham moderação e forneçam atendimento médico imediato aos feridos", tuitou.
O alto comissário canadense (embaixador) David McKinnon disse que "é crucial que as autoridades exerçam moderação e evitem a violência".
A Anistia Internacional exortou as autoridades do Sri Lanka a respeitar a dissidência e condenou o uso da força contra jornalistas, incluindo um fotógrafo da BBC, que cobriam a operação militar.
O novo presidente havia alertado os manifestantes que a ocupação de prédios estatais era ilegal e que eles seriam despejados. Wickremesinghe declarou estado de emergência, dando às forças armadas e à polícia amplos poderes para deter suspeitos por longos períodos sem a necessidade de acusá-los.
O líder da influente Ordem dos Advogados do Sri Lanka, Saliya Peiris, condenou a ação militar e alertou que prejudicaria a imagem internacional do novo governo.
"O uso desnecessário de força bruta não ajudará este país e sua imagem internacional", alertou Peiris em comunicado. Ele indicou que várias pessoas, incluindo um advogado, foram detidas pela polícia.
Na manhã de sexta-feira, centenas de manifestantes em um local perto do complexo presidencial exigiam a renúncia de Wickremesinghe, a dissolução do parlamento e a convocação de eleições.
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