AFP
Publicada em 22/07/2022 às 10h05
O órgão que regula o setor nuclear do Japão aprovou, nesta sexta-feira (22), um plano para liberar no oceano mais de um milhão de toneladas de água contaminada da usina de Fukushima, o que provocou o descontentamento da China.
Este projeto foi adotado pelo governo e recebeu o apoio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas a operadora da usina, a Tepco, ainda precisa convencer as comunidades locais para seguir em frente.
O plano consiste em despejar gradualmente no Oceano Pacífico mais de um milhão de toneladas de água contaminada com trítio, um radionuclídeo que não pode ser eliminado pelas tecnologias atuais, mas cuja diluição no mar já é praticada no Japão e no exterior em instalações nucleares em serviço.
Esta água tritiada vem da chuva, águas subterrâneas e das injeções de água necessárias para resfriar os núcleos de vários reatores nucleares de Fukushima que derreteram devido ao terremoto e tsunami de 11 de março de 2011.
Mais de mil tanques foram instalados ao redor da usina para armazenar essa água tritiada após as operações de purificação destinadas a eliminar outras substâncias radioativas. Mas a capacidade de armazenamento vai saturar em breve.
Segundo especialistas, o trítio só é perigoso para os seres humanos em doses altamente concentradas, situação a priori excluída no caso de despejo no mar ao longo de várias décadas, como prevê a Tepco.
A AIEA também acredita que este projeto será realizado "em plena conformidade com as normas internacionais" e que "não causará danos ao meio ambiente".
A Tepco planeja iniciar a operação em 2023, após a construção de um conduto submarino para transportara água tritiada a aproximadamente um quilômetro da costa.
Mas a operadora ainda precisa obter aprovações prévias do departamento de Fukushima e dos municípios próximos à usina, ao mesmo tempo em que tenta acalmar as preocupações dos pescadores locais, que temem consequências negativas na reputação de seus peixes entre os consumidores.
O projeto também foi criticado por seus vizinhos, China e Coreia do Sul, além de organizações ambientais como o Greenpeace.
"Se o Japão continuar a colocar seus próprios interesses acima do interesse geral internacional, se insistir em dar (este) passo perigoso, com certeza pagará o preço por seu comportamento irresponsável e deixará uma mancha na história", reagiu o porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, nesta secta-feira.
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