G1
Publicada em 08/08/2022 às 09h18
Testes, os maiores da história na região e com disparo de mísseis e munição real, estavam previstos para terminar no domingo (7). Pequim alega que a ilha é parte de seu território e, portanto, não há rompimento de leis internacionais.
A China anunciou nesta segunda-feira (8) que vai continuar a realizar exercícios militares ao redor de Taiwan, os maiores já realizados pelo país na região. O anúncio ignora pedidos de países ocidentais e vizinhos para que os testes sejam interrompidos e prolonga uma crise sem precedentes com os Estados Unidos.
Os exercícios, uma resposta à visita da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, à Taiwan na semana passada, estavam previstos para terminar no domingo (7). Nesta manhã, porém, Pequim anunciou que as atividades seguirão sem data prevista de término na ilha, que o governo chinês considera parte de seu território - já Taiwan reivindica ser um território independente.
"O Exército Popular de Libertação (EPL) da China continuou executando exercícios conjuntos práticos e treinamento no mar e espaço aéreo ao redor da ilha de Taiwan, concentrado em organizar operações conjuntas submarinas e de ataques marítimos", afirmou o Comando Leste do exército chinês em um comunicado.
CO Ministério de Relações Exteriores de Taiwan condenou a decisão de Pequim de estender os exercícios e afirmou que Pequim está deliberadamente criando crises e continuando a provocar Taipei.
Segundo o Ministério da Defesa de Taiwan, 39 aviões militares e 13 embarcações chineses estiveram em torno da ilha nesta segunda-feira.
Mísseis e munições reais
Durante os testes da semana passada, aviões e navios chineses invadiram o espaço aéreo de Taiwan dezenas de vezes. Diante de temores de rompimento de leis internacionais, o Ministério de Relações Exteriores chinês alegou estar conduzindo exercícios militares normais "em nossas próprias águas", já que considera a ilha parte da China.
Nos dois primeiros dias de exercícios, na quinta-feira (4) e na sexta-feira (5), lançou 11 mísseis balísticos dentro da ilha, e ao menos 68 aeronaves de guerra e navios chineses cruzaram dezenas de vezes o Estreito de Taiwan, que delimita a fronteira entre a ilha e a China.
No sábado (6), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, denunciou a "total desproporção" da reação chinesa e divulgou um comunicado conjunto os governos do Japão e Austrália para pedir o fim dos exercícios.
Disputa
A ilha de Taiwan foi tomada pela China do Japão em 1945, após a Segunda Guerra Mundial. Mas logo depois a China entrou em Guerra Civil, com forças comunistas e nacionalistas se enfrentando. Os comunistas, comandados por Mao Tse-tung, venceram o conflito, e, com isso, os nacionalistas fugiram para Taiwan, tomaram a ilha e declararam ali a República Nacionalista da China. Eles afirmavam ser o legítimo governo da China no exílio.
Já Pequim, comandada desde então pelo Partido Comunista, alega que Taiwan segue sendo parte de seu território e que irá retomá-la, à força se for preciso.
Ao longo das últimas décadas, no entanto, ambas as partes "estacionaram" suas causas: nem Pequim tentou invadir a ilha, nem Taipei seguiu adiante em seus planos de se tornar independente.
Mas essa estratégia mudou nos últimos anos. O atual presidente chinês, Xi Jinping, em busca da reeleição, voltou a endurecer o discurso contra Taiwan e retomou exercícios militares ao redor da ilha no último ano. A postura coincidiu com a chegada ao poder, nos Estados Unidos, do democrata Joe Biden, que constantemente se manifesta a favor da independência de Taiwan, um assunto que seu antecessor, Donald Trump, quase não tocava.
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