AFP
Publicada em 09/08/2022 às 10h31
Um satélite iraniano foi lançado ao espaço nesta terça-feira (9) por um foguete russo a partir do Cazaquistão e alcançou a órbita pouco depois, em meio a temores de que Moscou o utilize em sua operação na Ucrânia.
Imagens transmitidas pela agência espacial russa Roscosmos mostraram o foguete Soyuz-2.1b carregando o satélite Khayyam quando decolou do Cosmódromo de Baikonur, controlado pela Rússia, no horário programado de 05h52 GMT (02h52 de Brasília).
O controle da missão russa confirmou sua entrada em órbita.
O satélite recebeu o nome do poeta e estudioso persa Omar Khayyam (1048-1131).
O Irã, que mantém laços com a Rússia e evita criticar a ação russa na Ucrânia, procurou dissipar as suspeitas de que Moscou usaria Khayyam para monitorar alvos militares na Ucrânia.
Na semana passada, o Washington Post citou um oficial de inteligência ocidental dizendo que a Rússia "planeja usar o satélite por vários meses ou mais" para apoiar suas operações militares antes de permitir que o Irã assuma o controle.
Mas a Agência Espacial Iraniana (AEI) garantiu no domingo que a República Islâmica controlará Kayyam "desde o primeiro dia".
"Nenhum país terceiro poderá acessar as informações" enviadas pelo satélite devido ao seu "algoritmo criptografado", declarou.
A missão do Kayyam é "monitorar as fronteiras do país", aumentar a produtividade agrícola e monitorar os recursos hídricos e desastres naturais, disse a agência.
Em comunicado na última segunda-feira, a AEI exaltou "o alto fator de confiabilidade do lançador Soyuz".
"Devido ao peso do satélite Kayyam de mais de duas toneladas e meia e à alta taxa de sucesso do lançador Soyuz, o lançamento do satélite Khayyam foi confiado à Rússia", segundo um comunicado no site da AEI.
Diante do isolamento internacional de Moscou em razão das sanções ocidentais, o Kremlin tem procurado se aproximar do Oriente Médio, Ásia e África, buscando novos clientes para seu conturbado programa espacial.
O presidente russo, Vladimir Putin, se encontrou com seu colega iraniano Ebrahim Raisi e o guia supremo Ali Khamenei em Teerã em julho, em uma de suas poucas viagens ao exterior desde a invasão da Ucrânia.
- Cooperação de longo prazo -
O Irã negocia atualmente com as potências mundiais, incluindo a Rússia, para salvar um acordo de 2015 sobre o seu programa nuclear.
Os Estados Unidos, que deixaram o acordo em 2018 sob o comando do ex-presidente Donald Trump, acusam o Irã de apoiar a guerra da Rússia contra a Ucrânia sob um "manto de neutralidade".
Durante sua reunião de julho com Putin, Khamenei discutiu uma "cooperação de longo prazo" com a Rússia, e Teerã se recusou a se juntar à condenação internacional da invasão da Ucrânia.
O Irã insiste que seu programa espacial é para fins civis e defensivos e que não rompe com o acordo nuclear de 2015.
Os governos ocidentais temem que os sistemas de lançamento de satélites incorporem tecnologias intercambiáveis com as dos mísseis balísticos, capazes de lançar uma ogiva nuclear, algo que o Irã sempre negou que pretenda construir.
O Irã conseguiu lançar seu primeiro satélite militar em abril de 2020, um movimento fortemente criticado pelos Estados Unidos.
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