AFP
Publicada em 26/08/2022 às 10h48
O teto da tarifa da energia para as residências no Reino Unido aumentará 80% a partir de outubro e as contas de gás e energia elétrica podem seguir em alta "considerável" em 2023, em plena crise do custo de vida.
O teto passará das atuais 1.971 libras (2.325 dólares) pagas por ano por uma residência média para 3.549 libras (4.180 dólares), informou a agência reguladora Ofgem.
"A alta reflete a progressão contínua dos preços globais de gás no atacado, que começou com o fim dos confinamentos após a pandemia de covid e atingiu níveis recordes quando a Rússia interrompeu lentamente o fornecimento de gás para a Europa", afirmou a Ofgem.
Levando em consideração a tendência atual, a agência alerta que "os preços podem aumentar de forma considerável em 2023".
O teto tarifário é calculado com base na média dos preços do gás no atacado nos meses anteriores.
Analistas acreditam que o limite vai superar 4.000 libras (US$ 4.730) em janeiro e até 6.000 libras (US$ 7.096) na primavera (hemisfério norte, outono no Brasil), de acordo com as projeções mais pessimistas.
Nos últimos dias, o preço do gás se aproximou dos níveis históricos registrados no início da ofensiva russa na Ucrânia.
"Somos conscientes do grande impacto que o aumento do teto tarifário terá nas residências em todo Reino Unido e nas decisões difíceis que os consumidores terão que tomar", afirmou Jonathan Brearley, diretor geral da Ofgem.
A Ofgem, empresas, fornecedores e associações fizeram um apelo para que o governo adote medidas imediatas para evitar uma situação "dramática" nas famílias mais modestas, que já enfrentam uma inflação de 10%, a mais elevada entre os países do G7.
De acordo com a Universidade de York, quase dois terços das residências britânicas enfrentarão a ameaça de pobreza energética a partir do próximo ano.
"Observamos uma situação de muito estresse em nossos clientes (...) Quase um terço deles estão em situação de precariedade energética e mais 20% podem enfrentar esta situação em breve", disse Philippe Commaret, diretor comercial da empresa francesa EDF para o Reino Unido.
Algumas famílias estão apelando para medidas desesperadas, segundo o executivo, como renunciar à calefação ou desligar a geladeira.
- Ajuda -
Diane Skidmore, aposentada de 72 anos que vive vive em um conjunto habitacional do sul de Londres com 600 libras (US$ 710) por mês, viu sua conta mensal pular de 25 para 45 libras (29 para 53 dólares). E acaba de receber uma mensagem da empresa fornecedora com a notícia de que o valor chegará a 70 libras (US$ 82).
"Todo mundo terá problemas", disse à AFP, antes de explicar que vai tentar reduzir o consumo.
O ministro britânico da Economia, Nadhim Zahawi, prometeu que "a ajuda chegará, com 400 libras (473 dólares) de desconto nas contas de energia para todos, 650 libras (768 dólares) para as residências mais vulneráveis e 300 libras (354 dólares) para os aposentados".
O Reino Unido está na expectativa para conhecer o nome de seu novo primeiro-ministro, o sucessor de Boris Johnson, a partir de 5 de setembro: a disputa pela liderança do Partido Conservador está entre a atual ministra das Relações Exteriores, Liz Truss, e o deputado Rishi Sunak.
Truss, a favorita, defende uma estratégia de redução de impostos, à frente das ajudas diretas, que já chamou de "remendos".
Nesta sexta-feira, a candidata afirmou em um artigo publicado no jornal Daily Mail, que flexibiliza sua posição: "Se for eleita líder do Partido Conservador e primeira-ministra, tomarei medidas... sobre ajudas imediatas, mas também lidarei com os problemas na raiz".
URL: https://rondoniadinamica/noticias/2022/08/preco-da-energia-dispara-no-reino-unido-e-agrava-o-custo-de-vida,140165.shtml