AFP
Publicada em 06/09/2022 às 14h39
A China registrou o mês de agosto mais quente desde o início dos registros de dados, em 1961, após semanas de uma onda de calor sem precedentes que provavelmente se repetirá e ameaçará as colheitas.
As ondas de calor em pleno verão (hemisfério norte) não são raras na China, em particular no oeste árido e no sul do país.
Mas o país asiático enfrenta este ano um clima extremo, agravado pelo aquecimento global, afirmam os cientistas.
No mês passado, a temperatura média na China foi de 22,4 graus centígrados, informou o canal estatal CCTV.
O número é 1,2 grau maior que o recorde histórico anterior.
Um total de 267 estações climáticas em todo o país igualaram ou romperam os recordes de calor para o mês de agosto, segundo a CCTV.
"Neste verão, o número de dias de calor foi anormalmente elevado", afirmou o serviço meteorológico à emissora, antes de destacar que os efeitos continuam sendo sentidos.
Várias cidades importantes registraram os dias mais quentes de sua história e, devido à falta de chuvas, muitos rios secaram, como o Yangtze, o maior do país.
Desde agosto as temperaturas caíram, mas o clima colocou a rede de energia elétrica em uma situação delicada porque milhões de pessoas ligaram o ar condicionado em suas residências.
Várias províncias tiveram que racionar energia elétrica, o que afeta gravemente a atividade comercial e as empresas, assim como os hábitos de parte da população.
A província de Sichuan (sudoeste) foi uma das regiões mais afetadas no mês passado.
Para economizar energia, a capital da província, Chengdu, reduziu a iluminação do metrô e desligou os outdoors. Algumas casas também enfrentam racionamento.
Muitas pessoas passaram a procurar os shoppings ou as estações de metrôs em busca de temperaturas amenas.
Agosto também foi o terceiro mês mais seco registrado no país, com uma média de chuvas 23,1% inferior ao habitual, segundo o CCTV.
A seca sem precedentes deixa as plantações em perigo.
"É uma advertência", afirmou um funcionário do centro climático chinês, Zhang Daquan.
A onda de calor "recorda que devemos ter uma compreensão mais profunda da mudança climática e de seu impacto", completou Daquan, citado pelo jornal Diário do Povo, órgão do Partido Comunista.
Uma fonte do serviço meteorológico chinês advertiu que as previsões mostram temperaturas mais elevadas que o habitual na China durante setembro.
A seca é particularmente problemática para os cultivos de arroz e soja, que precisam de muita água.
No mês passado, metade do vasto território da China foi afetada, em maior ou menor medida, pela falta de chuvas.
No atual contexto, o governo anunciou um fundo especial de 10 bilhões de yuanes (quase 1,5 bilhão de dólares) para apoiar os agricultores na luta contra a seca.
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