AFP
Publicada em 19/09/2022 às 11h32
O governo polonês decidiu fechar as fronteiras para os cidadãos russos. A partir desta segunda-feira (19), o país recusará vistos por razões turisticas, culturais, esportivas ou profissionais. O objetivo é "responder às ameaças públicas e de segurança", e isolar um pouco mais a Rússia, que vem sofrendo derrotas militares na Ucrânia.
Os cidadãos russos refugiados na Polônia desde o início da guerra da Ucrânia, em 24 de fevereiro, temem ser obrigados a voltar ao país. Este é o caso de Agata, por exemplo, que se opõe à politica do presidente russo, Vladimir Putin, e está exilada em Varsóvia desde março. Desde o anúncio feito pelo governo russo, ela teme que seu visto não seja renovado.
"Se eles se recusarem a me dar o visto de entrada e de residência, serei obrigada a voltar para a Rússia. Certamente serei presa. Esta nova medida impede qualquer resistência contra o regime russo, é uma péssima solução. Restringir os vistos acaba desencorajando quem ainda pretende fugir", disse.
Uma de suas maiores preocupações é não pode rever sua família. "Minha família quer continuar na Rússia porque querem ficar em casa, apesar de tudo, mas não poderão vir me ver. Eu, por enquanto, estou bloqueada aqui, sem visto de residência", conta.
Para os refugiados, impedir os russos de vir à Polônia é um desrespeito à liberdade de circulação estabelecida pela Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelecida pelas Nações Unidas. A decisão, dizem, satisfaz os objetivos de Moscou. Essa é a opinião de Andrej, que, como Agata, também está exilado desde o mês de março no país. "Considero esse um grande erro da parte da Polônia. Essa decisão ajuda o Putin. Ele quer erguer uma "cortina de ferro" em torno da Rússia. Esta nova medida vai nesse sentido", defende.
Polônia inaugura canal que evita território russo
A Polônia inaugurou neste sábado (17) um canal que permite chegar ao porto de Elblag sem passar pelas águas territoriais russas. Até agora, para chegar em alto-mar, os barcos poloneses eram obrigados a contornar uma ilha que pertence à Rússia e à Polônia, e pedir autorização de passagem às autoridades russas.
"Essa passagem fará com que nós não sejamos mais obrigados a pedir permissão a um país que não é amigo", disse o presidente polonês Andrzej Duda durante uma cerimônia para inaugurar o canal, lembrando da invasão russa à Ucrânia. Por hora, o canal é acessível apenas para barcos pequenos, mas a longo prazo, embarcações de 100 metros de comprimento e 20 de largura poderão atravessá-lo, segundo o Ministério Polonês de Infraestrutura.
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