Rômulo Azevedo
Publicada em 03/10/2022 às 14h12
As eleições 2022 já entraram pra história da redemocratização brasileira pela sua máxima polarização. Tanto Bolsonaro quanto Lula não largaram o osso e, firmes cada qual em seu propósito, conseguiram conduzir seus posiconamentos, e principalmente seus seguidores, a um nível de “eles ou nós” tão alto que não houve espaço digno para os demais candidatos respirarem, restando aos demais postura coadjuvante esmaecida devido à intensidade da troca de socos entre os dois dianteiros. A tensão entre prós e contra foi tamanha que a disputa chegou a um nível em que morte, agressões, medo e violência sem sentido foram banalizados, pois o que se sabe é que independente de quem seja eleito, a certeza que a sociedade tem é de que haverá barulho, muito barulho de ambos os lados. Este emaranhado “BolsoLula”, além de torrar a paciência do eleitor, reduzir o debate político a uma disputa quase futebolística, também faz das suas, e Rondônia é a prova disso.
Veja só que interessante: o eleitorado de Rondônia é esmagadoramente bolsonarista, fato comprovado nas urnas ao final deste domingo, dia 2. Concluída a apuração, a Justiça Eleitoral registrou 64,39% dos votos para o presidente Bolsonaro no Estado, enquanto Lula ficou com 28,98% dos votos válidos. Isso faz com que os candidatos no Estado flertem com o bolsonarismo e não tenham sequer o receio de usar o dedão e o indicador na horizontal, pois afinal há muito mais empatia eleitoral em Rondônia para a extrema direita do que o contrário. A palara receio foi aplicada nesta análise sob o ponto de vista estratégico, uma vez que os candidatos calculam muito seus posicionamentos, e principalmente suas defesas, a fim de angariarem votos de todos os lados da sociedade, e um posicionamento mais enfático pode “dar ruim” no resultado final.
Esse posicionamento foi adotado pelos dois principais candidatos ao Governo do Estado de Rondônia, que seguiram para o segundo turno e agora terão uma missão estratégica para se livrar o paradoxo que só uma eleição polarizada pode gerar. Em linhas gerais, tanto Marcos Rocha quanto Marcos Rogério são da base bolsonarista. Ambos têm muitas fotos e vídeos com o Presidente da República e vão utilizar isso à exaustão para continuarem na briga pelo mais bolsonarista entre os dois. O que pode ser encarado como a veia cômica destas eleições é o fato de que tanto Rogério quanto Rocha, se quiserem vencer, deverão acenar para os 201.004 mil eleitores que compõem a chamada centro-esquerda de Rondônia.
Este é o saldo dos votos obtidos pelos candidatos Léo Moraes e Daniel Pereira, algo em torno de 24.5% dos votos válidos. Em síntese, em um Estado onde o presidente Bolsonaro possui o maior número de eleitores, há dois candidatos ao Governo que disputam com veemência o título de mais bolsonarista, e no final das contas os votos da centro-esquerda serão o fiel da balança no saldo eleitoral rondoniense. Está claro que, no Estado, Bolsonaro deverá sair vitorioso neste segundo turno. Mas ainda não há posicionamento dos Marcos sobre como deverão se comportar na busca por este eleitorado que está, pelo menos por hora, sem ter em quem votar.
Embora Marcos Rocha possua certa vantagem contra seu oponente, ainda não dá pra ninguém respirar aliviado a não ser, é claro, o bolsonarismo em Rondônia que tem feito sua parte diante do projeto do presidente.
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