G1
Publicada em 10/10/2022 às 09h24
Depois de mais de três meses sem ataques, Kiev voltou a ser fortemente bombardeada pela Rússia nesta segunda-feira (10). Em uma das piores investidas contra a capital ucraniana desde o início da guerra no país, 11civis morreram e 60 ficaram feridos. Moscou atacou ainda outras cidades grandes do país, indicando uma nova fase de escalada da guerra que já dura sete meses e meio.
O presidente russo, Vladimir Putin, falou que os mísseis lançados nesta segunda-feira fazem parte de uma "forte resposta" que suas tropas já começaram a fazer ao bombardeio, no sábado (8), de uma ponte na Crimeia, a península ucraniana anexada pela Rússia em 2014 (leia mais abaixo). Putin acusou a Ucrânia pela autoria da explosão e ameaçou uma onda de novas investidas.
Já o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, negou e acusou a Rússia de querer causar pânico e caos em seu país.
Segundo a a polícia de Kiev, 11 pessoas morreram por conta do bombardeio, que atingiu principalmente Shevchenkivskyi, o distrito central de Kiev. Centenas de pessoas passavam no momento pelo local, que vive relativa normalidade desde o início do ano, quando, depois de um diálogo de paz entre as duas partes, as tropas russas se retiraram da capital ucraniana.
Outras cidades importantes do país e que vinham sendo poupadas dos ataques russos havia meses, como Lviv, que fica perto da fronteira com a Polônia, também foram atingidas por mísseis nesta segunda-feira.
A agência de notícias ucraniana Uniam também informou que vários mísseis atingiram Dnipro, um importante centro industrial na região da capital do país, e as cidades de Zhytomyr, Ternopil e Khmelnytskyi.
Imagens gravadas no centro de Kiev mostraram ruas atingidas pelos mísseis, carros pegando fogo, civis mortos e muita fumaça. Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, a Rússia disparou ao menos 83 mísseis contra Kiev, Lviv e Zaporizhzhia. Kiev diz ter interceptado e abatido 40 deles.
O prefeito de capital ucraniana, Vitali Klitschko, disse no Telegram que as explosões ocorreram no "coração da cidade" e que os alvos eram sua infraestrutura. Ele pediu aos moradores para permanecerem em abrigos e evitarem a região central da capital.
Logo após os bombardeios, civis lotaram a estação de metrô Vystavkovyi Tsentr, no centro. Pela tarde, as sirenes que anunciam possibilidade de um ataque voltaram a soar na cidade.
Líderes da União Europeia, como o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, falaram com Zelensky ao telefone e prometeram apoiar a Ucrânia em uma retaliação a Moscou.
Os líderes do G7 - o clube das nações mais ricas do mundo, que recentemente excluiu a Rússia - anunciaram uma cúpula virtual de emergência na terça-feira (11) com a participação de Zelensky para discutir reações à nova ofensiva da Rússia.
Escalada em Kiev
O ataque desta segunda-feira surpreendeu por ter acontecido na capital ucraniana, que, apesar de ter sofrido intensos bombardeios no início da guerra, vive em relativa calma desde o fim de abril.
À época, a Rússia abandonou um avanço em Kiev por causa da forte resistência ucraniana, impulsionada pelo recebimento armas ocidentais.
Após um pequeno avanço das negociações de paz entre as duas partes - cujo diálogo foi interrompido há meses - Moscou concordou em se retirar da capital ucraniana e passou a focar seus esforços no leste da Ucrânia e em cidades estratégicas no sul.
Mas, segundo Zelensky, os ucranianos já se preparavam para a possibilidade de retaliação de Vladimir Putin, por conta do ataque à ponte da Crimeia no fim de semana. Sirenes alertaram para ataques aéreos em todo o país.
No domingo (9), um ataque com mísseis russos na cidade de Zaporizhzhia atingiu um prédio de apartamentos e várias casas particulares, matando 17 pessoas e ferindo 60, disseram autoridades ucranianas.
A única ponte que liga a Rússia à península ucraniana da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, foi atingida por explosões neste sábado. A "Ponte da Crimeia" foi inaugurada em 2018 por ordem do presidente Vladimir Putin e, atualmente, é estratégica para os russos nos conflitos contra a Ucrânia.
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