AFP
Publicada em 10/10/2022 às 16h06
No décimo dia da greve de trabalhadores de duas refinarias da TotalEnergies, três regiões francesas anunciaram o limite da venda de combustíveis. Enquanto a queda de braço pelo aumento salarial continua, cerca de 30% dos postos sofrem com a escassez do produto.
As administrações das regiões do Var, Vaucluse e Alpes-de-Haute-Provence, no sul da França, estabeleceram nesta segunda-feira (10) que o limite da venda de combustíveis nos postos locais a particulares será de 30 litros. A compra do produto em galões também está proibida: uma medida que deve se estender ao resto da França na terça-feira (11).
"Fazer estoques é criar escassez", afirmou a prefeita de Vaucluse, Violaine Démaret, fazendo um apelo aos cidadãos "em prol do civismo e da responsabilidade (...) para garantir a satisfação das necessidades de todos".
A greve em duas das três refinarias da poderosa multinacional francesa pode entrar em breve em sua terceira semana e obtém o apoio de duas refinarias da Esso-ExxonMobil na França, além de quinze postos de gasolina da rede Argedis, filial da TotalEnergies. Apesar dos apelos do governo, nenhum acordo foi encontrado nesta segunda-feira com os funcionários.
Filas para abastecer
Do norte ao sul da França, as mesmas cenas se repetem: postos fechados ou filas de centenas de metros para abastecer. A região mais castigada é Hauts-de-France, no norte, onde a metade dos postos sofre com a escassez de combustíveis. No entanto, motoristas de várias outras cidades, entre elas a capital francesa, também enfrentam o problema.
"É preciso que eu encha logo o tanque do meu carro ou não vou mais conseguir me deslocar", afima Bruno, em Lille, no norte da França. "Ontem fui a 11 postos e todos eles estavam vazios!", afirma Thierry, morador de Paris.
O presidente francês, Emmanuel Macron, fez um novo apelo nesta segunda-feira aos grupos petroleiros e sindicatos de trabalhadores em prol da "responsabilidade", sublinhando que a greve nas refinarias "não é uma forma de negociar".
O governo francês resolveu desbloquear estoques estratégicos de combustíveis e a TotalEnergies recorre a importações para tentar compensar os prejuízos com a paralisação.
10% de aumento nos salários
Os grevistas exigem 10% de aumento salarial, apontando que a gigante registrou um lucro de US$ 10,6 bilhões no primeiro semestre deste ano. A única concessão que a TotalEnergies fez até o momento foi avançar as negociações previstas em novembro para este mês, mas somente sob a condição de que os trabalhadores das refinarias e postos retomem as atividades.
O movimento preocupa a alta cúpula do governo, que teme que a insatisfação dos empregados da TotalEnergies continue até o próximo domingo (16), quando uma mobilização contra o custo de vida será realizada em todo o país. A primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, realizou uma reunião do Executivo sobre a questão em caráter de urgência nesta segunda-feira.
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