RFI
Publicada em 20/10/2022 às 15h07
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse nesta quinta-feira (20) que o Ocidente busca "pressionar" o Irã ao acusar Moscou de utilizar drones iranianos nos ataques à Ucrânia. A declaração foi dada após o anúncio de um acordo dos membros da União Europeia (UE) para impor sanções contra três indivíduos e uma instituição que teria fornecido os aparelhos utilizados para bombardear o país.
"Tudo o que é feito hoje tem um único objetivo: pressionar o país. Para isso, Washington mobiliza países da Otan e da UE para apoiar sua posição. É evidente", disse a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, em entrevista coletiva. Para ela, as alegações de que a Rússia estaria usando drones iranianos para sua ofensiva na Ucrânia são "conclusões infundadas".
No início do dia, os Estados-membros da UE concordaram em aplicar sanções, que entram em vigor na quinta-feira, contra três indivíduos e uma entidade acusada de fornecer à Rússia drones iranianos usados na Ucrânia, anunciou a presidência tcheca da UE.
"Esta é nossa resposta clara ao regime iraniano, que fornece drones à Rússia, utilizados para matar cidadãos ucranianos inocentes", afirmou o primeiro-ministro tcheco Petr Fiala. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, também celebrou a notícia antes do início de uma reunião de cúpula em Bruxelas sobre crise energética.
As sanções visam a empresa iraniana Shahed Aviation Industries, ligada à poderosa Guarda Revolucionária, e três oficiais militares, incluindo o general Mohamed Hosein Bagheri, chefe de Estado-Maior das Forças Armadas iranianas.
O chefe da diplomacia ucraniana, Dmitro Kuleba, saudou no Twitter a resposta "rápida" da União Europeia para impor essas sanções. O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia pediu, na segunda-feira, mais sanções contra o Irã após vários ataques atribuídos a drones kamikazes fabricados pelo país.
A força aérea ucraniana afirmou, nesta quarta-feira (19), ter destruído 223 drones iranianos desde meados de setembro. Na ONU, Rússia e Irã negaram na quarta-feira ter entregue drones armados por Teerã a Moscou. A UE anunciou, ao mesmo tempo, que reuniu "evidências" que mostram que as forças russas usam esse tipo de armas na Ucrânia.
Prova contra Teerã
A UE como os Estados Unidos disseram ter provas de que o Irã forneceu os drones kamikazes Shahed-136, aos quais se atribuem as mortes de cinco pessoas na segunda-feira em Kiev, assim como a destruição de infraestruturas civis.
O enviado do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, rechaçou as "afirmações infundadas e sem fundamento" sobre as transferências de drones e disse que Teerã, que se absteve nas votações sobre a guerra na Ucrânia, queria uma "resolução pacífica".
O diplomata russo Dmitry Poliansky também denunciou "acusações infundadas e teorias conspiratórias", alegando, como prova, que a palavra russa para "gerânios" estava escrita nos drones.
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