Exame.com
Publicada em 31/10/2022 às 08h35
O EWZ, ETF que representa a bolsa brasileira nos Estados Unidos, cai mais de 4%% no pré-mercado americano, com investidores reagindo negativamente ao resultado das eleições presidenciais. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu com 50,9% dos votos.
A queda, além de refletir o maior pessimismo de investidores com relação à Lula, também representa o desmonte de apostas em torno de uma eventual reeleição do presidente Jair Bolsonaro, considerado mais pró-mercado.
Com o resultado definido, o mercado aguarda detalhamentos sobre os planos econômicos de Lula, que se mantiveram ocultos durante o período de campanha.
"A grande expectativa do mercado agora fica com a divulgação de possíveis ministros e a percepção em relação aos gastos fiscais", afirmou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
Entre os anúncios aguardados pelo mercado, dois deles são considerados peças-chave: qual regra deverá substituir o teto de gastos e quem será escolhido para comandar a economia do país.
"A gente sabe que não vai ter uma regra fiscal, mas é preciso saber o que vem no lugar e quem será o ministro da Fazenda. O mercado vai reagir de forma diferente se for o Henrique Meirelles ou ser for o Fernando Haddad, que já foram ventilados", afirmou Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
Com muitas incertezas a serem preenchidas, investidores devem seguir o tom de cautela na abertura dos negócios na B3, às 10h desta segunda. Embora a queda do Ibovespa nesta segunda seja praticamente certa, são as ações de estatais que devem amargar as maiores perdas do dia.
Petrobras desaba, com fim de esperança sobre privatização
Ainda que ninguém soubesse qual seria o resultado da eleição presidencial encerrada neste domingo, 30, de tão acirrada que estava a disputa, era líquido e certo que Petrobras seria o expoente máximo do “dia seguinte”. E está sendo. Logo após a abertura do pré-mercado nos Estados Unidos, os ADRs da petroleira caem quase 8%, para US$ 12,35.
Além de ser a maior empresa da bolsa brasileira, avaliada em mais de US$ 85 bilhões, a Petrobras é a companhia que pode ter mais impacto devido a planos de governo. A explicação mais simples e direta para o movimento desta manhã é o desmonte de uma aposta a respeito de uma eventual privatização da petroleira, em caso de vitória do atual presidente Jair Bolsonaro.
Mais do que nunca, o mercado vai pressionar Lula – agora não mais como candidato, mas como futuro presidente – a dar informações claras sobre os projetos para o país e suas maiores empresas. Em relação à Petrobras, as dúvidas são ainda mais pungentes devido à forte participação do preço de combustíveis na questão inflacionária. Ecoam perguntas sobre interferências e estratégia: política de preço de combustíveis e refinarias, para começo de conversa.
Começo mesmo. Embora o tom e os compromissos com responsabilidade fiscal tenham sido dados durante a campanha de Lula, falta aos investidores saber basicamente tudo. Aos poucos, Petrobras e Brasil vão voltar a se misturar como percepção a respeito de futuro de país. Neste momento, ainda não é possível fazer essa relação direta.
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