RFI
Publicada em 31/10/2022 às 11h14
A imprensa internacional repercute a vitória de Lula no segundo turno das eleições presidenciais no Brasil. O retorno do petista para um terceiro mandato, depois de passar 12 anos ausente no poder, é celebrado como um resgate da democracia, após um governo de extrema direita que fraturou a maior economia da América Latina.
O francês Le Monde diz que Luiz Inácio Lula da Silva "faz um retorno espetacular da prisão à presidência", porém menos triunfal do que se esperava. "Com 50,9% dos votos, a vitória acabou sendo mais complicada" que o previsto e Lula herda um país dividido, avalia o jornal.
No poder, Lula promete construir "um novo Brasil". Mas, após uma vitória difícil, diante de um Congresso hostil, um contexto econômico incerto e um país violento e ultrapolarizado, ninguém sabe qual será sua margem de manobra, diz o Le Monde. Uma coisa é certa: a "fênix do Brasil terá que usar todo o seu talento para erguer o país das cinzas".
"Lula é eleito o novo presidente do Brasil, mas o que faz Bolsonaro?", questiona a manchete do Suddeutsche Zeitung. "A preocupação é grande, pois ele pode não reconhecer as eleições", diante da vitória apertada do petista, diz o jornal alemão.
No Reino Unido, The Guardian afirma que Lula "volta a surpreender" ao vencer a extrema direita e recuperar a liderança, prometendo reunificar o país. "Foi uma das eleições mais importantes e árduas da história da história do Brasil (...) uma corrida tóxica pelo poder, que dividiu profundamente uma das maiores democracias do mundo", escreve The Guardian.
"Lula colocou o bolsonarismo na gaveta"
Em seu editorial, o espanhol El País destaca que o Partido dos Trabalhadores (PT) conquistou 13,3 milhões de votos a mais do que nas eleições presidenciais de 2018, enquanto Jair Bolsonaro obteve apenas 401.000 votos adicionais. "Será o início de uma nova era, na qual a ressurreição do ex-presidente de esquerda, preso por um ano e meio por uma condenação por corrupção da qual foi finalmente exonerado, será acompanhada pelo desafio de reconstruir um país gravemente fraturado", observa o maior jornal da Espanha.
"O governo de extrema direita de Bolsonaro, em sua constante e perigosa polarização, deteriorou a qualidade democrática da maior economia da América Latina. O desprezo por instituições como o Tribunal Superior Eleitoral, os constantes ataques às mulheres e minorias e a defesa do uso de armas por parte do presidente puseram em risco a coexistência de 214 milhões de habitantes. Cabe agora a Lula recuperar os valores perdidos e superar uma divisão que, como mostram as eleições, é profunda e tem a capacidade de causar um curto-circuito em suas futuras políticas", analisa El País.
Em Portugal, o Público destaca o discurso de Lula após a vitória. "Pacificação e diálogo, o combate à fome como prioridade e o regresso do Brasil à liderança no combate às mudanças climáticas. No discurso da vitória, Lula colocou o bolsonarismo na gaveta", diz o diário.
Com uma imagem de Lula sorridente em sua manchete, o americano The New York Times afirma que "esta vitória completa um impressionante renascimento político" do líder de esquerda e "encerra o período turbulento de Bolsonaro como o líder mais poderoso da região". O retorno de Lula ao Palácio do Planalto "provavelmente representará grandes mudanças, embora os planos específicos de Lula ainda sejam vagos". O NYT compartilha a pergunta que milhares de brasileiros têm na cabeça: "O presidente Jair Bolsonaro vai aceitar sua derrota?".
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