AFP
Publicada em 01/11/2022 às 09h48
O papa Francisco será o primeiro pontífice a visitar o Bahrein, onde permanecerá de 3 a 6 de novembro com o objetivo de reforçar o diálogo com o Islã, apesar dos protestos pelas violações dos direitos humanos neste próspero país do Golfo.
A 39º viagem ao exterior do papa argentino foi organizada em meio ao fórum para o diálogo entre Oriente e Ocidente que acontece nesse país, formado por um arquipélago de trinta ilhas localizadas entre a Arábia Saudita e o Catar.
Será a segunda vez que Francisco visitará a região, depois de sua viagem histórica aos Emirados Árabes Unidos em 2019, na qual lançou uma mensagem de convivência entre religiões.
"Terei a oportunidade de falar com representantes religiosos, em particular islâmicos. Peço a todos que se unam a mim em oração para que cada encontro e evento sejam uma ocasião benéfica para apoiar a causa da fraternidade e da paz em nome de Deus, que hoje precisamos urgentemente", disse Francisco nesta terça-feira durante a celebração do Angelus na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Pronunciará sete discursos no Bahrein, um dos países mais ricos do mundo graças ao petróleo e cuja forma de governo é a monarquia constitucional. Conta com uma população de 1,4 milhão de habitantes, governados pelo rei Hamad bin Isa Al-Khalifa, muçulmano sunita.
Embora o Vaticano insista em sua "mensagem de paz e unidade", a visita também gerou críticas de algumas organizações de defesa dos direitos humanos, que acusam o rei do Bahrein de discriminar e marginalizar os xiitas do país, que representam 46% da população, segundo dados do Vaticano.
De acordo com estimativas vaticanas, o Bahrein, que formalizou relações diplomáticas com a Santa Sé no ano 2000, também abriga cerca de 80.000 católicos, em sua maioria trabalhadores da Ásia, particularmente imigrantes da Índia e das Filipinas.
Estima-se que Francisco pedirá o respeito à liberdade religiosa e de expressão nesse país, um dos temas mais delicados, que já provocou críticas e protestos de várias organizações de direitos humanos.
Para Matteo Bruni, porta-voz do papa, a viagem busca ser "um novo e valioso" passo para as boas relações com o mundo islâmico, entre as prioridades do pontificado.
Sob o lema "Paz na terra aos homens de boa vontade", inspirado no Evangelho de Lucas, o papa deseja falar também do papel das religiões nas guerras e buscar aliados para a defesa da paz.
O papa começará sua visita na quinta-feira com um discurso em Awali (centro) perante as autoridades e o corpo diplomático, e na sexta se reunirá com o grande imã de Al-Azhar, a mais alta autoridade dos sunitas, com sede no Egito. Mais tarde, falará com o "Conselho dos Sábios Muçulmanos" na mesquita do Palácio Real.
Também presidirá uma oração ecumênica na Catedral de Nossa Senhora da Arábia, a maior igreja católica desse país, inaugurada em dezembro de 2021 após sete anos de obras.
No sábado, o pontífice argentino celebrará uma missa em um estádio que deve receber cerca de 28.000 cristãos, incluindo cerca de 20.000 imigrantes estrangeiros residentes no reino, segundo o padre Charbel Fayad, sacerdote da comunidade árabe de Bahrein.
No domingo, último dia de sua visita, o papa viajará à capital Manama para se encontrar com religiosos católicos e defender a tolerância religiosa.
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