AFP
Publicada em 08/11/2022 às 09h23
O governo japonês apresentará um projeto de lei para evitar doações muito grandes para grupos religiosos, disse o primeiro-ministro Fumio Kishida nesta terça-feira (8).
Este anúncio foi feito quatro meses após o assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, que reacendeu o debate sobre a Igreja da Unificação, também conhecida como a seita Moon.
O suposto assassino de Abe, que foi preso, se ressentiu com esse grupo religioso para o qual sua mãe teria feito doações significativas, levando sua família à ruína.
A Igreja da Unificação negou qualquer irregularidade, mas prometeu evitar doações "excessivas" após críticas de ex-membros.
Kishida, que enfrentou uma avalanche de críticas sobre ligações entre a seita e vários parlamentares de seu partido, afirmou ter se encontrado com pessoas que sofreram por causa de contribuições financeiras significativas para a Igreja da Unificação.
Quanto à nova legislação, "o governo fará tudo o que estiver ao seu alcance para apresentar o projeto de lei o mais rapidamente possível", talvez durante a sessão parlamentar que termina em 10 de dezembro, disse.
Os detalhes do projeto de lei estão em discussão, mas incidirão sobre "a proibição de práticas de recrutamento maliciosas e socialmente inaceitáveis" e "a autorização para recuperar doações", detalhou.
No mês passado, Kishida ordenou uma investigação do governo sobre a Igreja da Unificação. Um ministro em seu governo teve que renunciar após críticas de seus vínculos com ela.
A investigação do governo pode levar a uma ordem para dissolver a seita Moon sob a lei das organizações religiosas, o que a faria perder esse status e sua isenção de impostos, mas poderia continuar funcionando.
Apenas dois grupos religiosos no Japão já foram alvo dessa ordem, entre eles a seita Aum Shinrikyo, que realizou o ataque com gás sarin no metrô de Tóquio em 1995.
A seita Moon, criada em 1954 por Sun Myung Moon (1920-2012) na Coreia do Sul, aos poucos se tornou um império econômico presente em diversos setores, tornando seu fundador um bilionário. Conhecida por celebrar casamentos coletivos em massa, a igreja afirmou em 2012 ter três milhões de fiéis no mundo, um número exagerado, segundo especialistas.
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