AFP
Publicada em 08/11/2022 às 15h11
A ONU exigiu nesta terça-feira (8) a "libertação imediata" do preso político mais conhecido do Egito, Alaa Abdel Fattah, que parou de comer e beber e está em risco de morte, aumentando a pressão sobre o país que recebe a COP27.
O tema é muito sensível no Egito, frequentemente criticado por suas violações de direitos humanos.
O serviço de segurança da ONU, organizadora oficial da cúpula do clima, teve de retirar do recinto nesta terça-feira um deputado egípcio que atacou Sanaa Seif, irmã de Abdel Fatah, que participava de uma coletiva de imprensa na COP27 em Sharm el-Sheikh, constatou um jornalista da AFP.
Abdel Fatah, de dupla nacionalidade egípcia e britânica, engenheiro de formação e blogueiro pró-democracia, foi condenado no final de 2021 a cinco anos de prisão por "divulgação de informações falsas", após passar a maior parte da década passada atrás das grades. Ele é um ferrenho inimigo do regime do presidente Abdel Fatah al-Sisi
Ficou conhecido durante o movimento sindical Kefaya dos anos 2000, embora também tenha participado da revolução de 2011 que levou à queda de Hosni Mubarak e das marchas contra o islamista Mohamed Mursi e o atual presidente Al-Sisi.
- Greve de fome -
Desde 2 de abril, após dois anos de detenção, o ativista não toma mais do que um copo de chá e uma colher de mel por dia na prisão de Wadi al-Natrun, ao noroeste do Cairo. Também deixou de beber no domingo, quando começou a COP27 no país.
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, "lamentou profundamente que as autoridades egípcias ainda não tenham libertado o blogueiro e militante", cuja "vida está em grave perigo", disse Ravina Shamdasani, sua porta-voz, durante a coletiva de imprensa da ONU em Genebra.
"Estamos extremamente preocupados com a saúde dele", afirmou Shamdasina, especialmente porque a família do ativista não conseguiu "entrar em contato com ele nos últimos dois dias".
Türk pediu às autoridades "que liberem imediatamente todas as pessoas detidas arbitrariamente, incluindo as que se encontram em prisão preventiva, assim como as pessoas condenadas injustamente".
Türk abordou o caso de Alaa Abdel Fattah com as autoridades egípcias na sexta-feira, observou a porta-voz.
- Pressão internacional -
O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez o mesmo com as autoridades egípcias à margem da COP27.
O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o presidente francês, Emmanuel Macron, também aproveitaram a COP27 para se referir ao caso do ativista.
Nesta terça-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu "uma decisão imediata, a libertação" de Abdel Fatah para evitar una consequência "mortal".
Diante do silêncio do alto escalão do Estado egípcio, o chefe da diplomacia egípcia, Sameh Choukri, presidente da COP27, respondeu: Alaa Abdel Fatah "se beneficia de todos os cuidados necessários na prisão", afirmou na televisão, acrescentando que o Egito não reconheceu formalmente a nacionalidade britânica do prisioneiro.
Para Sanaa Seif, estes "cuidados" podem na verdade significar que seu irmão será submetido a uma "alimentação forçada".
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